Dois policiais militares foram presos e 46 agentes foram afastados no último mês em São Paulo. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP), obtidos pelo Estadão, os policiais afastados passam a exercer atividades internas burocráticas, mas permanecem trabalhando na corporação e recebendo salário. Já no caso dos que são presos, perdem a remuneração – e recebem um auxílio reclusão.
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Os índices estão alinhados com a escalada de violência policial no Estado. Entre novembro e dezembro, ao menos sete casos se destacaram. A situação fez o governador Tarcísio de Freitas admitir estar “completamente errado” com relação às críticas que fez ao uso das câmeras corporais em agentes. Ele prometeu fortalecer o programa.
Entre janeiro e o início de dezembro, foram registrados 784 mortes em decorrência de intervenção policial, segundo dados do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público, também obtidos pelo jornal.
Mais sobre os casos
Apenas nesta semana, ao menos três casos repercutiram. Um deles é do policial militar Luan Felipe Alves Pereira, que jogou um homem de uma ponte em São Paulo, na madrugada de segunda-feira, 2, durante uma abordagem. A situação foi gravada e culminou na prisão do soldado nesta quinta. A medida atendeu a um pedido da Corregedoria da Polícia Militar.
Nas imagens que registraram a abordagem, três PMs estão em uma ponte no bairro Cidade Ademar, quando um quarto policial aparece trazendo um homem, que aparenta já estar contido pela abordagem dos profissionais. Em seguida, o policial pega o homem no colo e o joga pela ponte.
O soldado Luan Pereira foi detido na sede da Corregedoria após o Tribunal de Justiça Militar acatar o pedido de prisão enviado na quarta-feira, 4. Em seguida, ele deve ser encaminhado para o Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital paulista, após realizar exames no IML.
Já na terça-feira, dia 3, outro caso chocou. O de Gabriel Renan da Silva Soares, de 26 anos, que foi morto com 11 tiros nas costas pelo policial militar Vinicius de Lima Britto, de 24 anos, em frente a um mercado na zona sul de São Paulo. Imagens mostram Gabriel tentando fugir de um estabelecimento com produtos de limpeza na mão.
Em seguida, ele é alvejado pelo PM, que estava de folga e fazia compras no local. Antes da repercussão do vídeo, Vinicius alegou legítima defesa. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo afirmou que ele foi afastado e que o caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Nesta quarta-feira, 4, uma idosa de 63 anos e sua família foram agredidos por policiais militares em Barueri, na Grande São Paulo. A vítima ficou com o rosto ensanguentado após a abordagem dos agentes em sua casa, no Jardim Regina Alice, enquanto seu filho foi imobilizado com um golpe de 'mata-leão'. A ação foi registrada em vídeo por testemunhas. A Corregedoria da Polícia Militar afastou das atividades operacionais os 12 agentes envolvidos na abordagem com agressões.
A confusão teria começado quando o neto da idosa estava na frente de casa com uma moto. Durante a abordagem, os policiais constataram que o veículo estava com o licenciamento atrasado e informaram que seria apreendido. O filho dela, pai do jovem, teria pedido aos agentes para retirar os pertences da moto antes da apreensão, o que, segundo relatos de testemunhas à polícia, teria levado os militares a se exaltar. Já os PMs afirmam que foram xingados por eles.
As imagens registradas mostram os policiais entrando na garagem da idosa e agredindo as pessoas presentes, incluindo ela, que aparece com o rosto ensanguentado. Em determinado momento, o vídeo também flagra um policial empurrando e chutando a idosa, além de puxando pela gola do casaco.