PM estima que 3 mil pessoas tenham depredado o centro do RJ

21 jun 2013 - 16h18
(atualizado às 16h24)

O secretário de Segurança Pública do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, disse nesta sexta-feira que a inteligência policial não trabalha mais com o conceito de minoria para se referir aos vândalos que depredaram o centro da cidade do Rio de Janeiro na quinta-feira. A estimativa é que mais de 3 mil pessoas tenham atacado e saqueado lojas, agências bancárias e uma escola municipal durante o protesto que levou cerca de 300 mil pessoas às ruas da cidade.

Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos

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Pelo menos 40 pessoas ficaram feridas e oito foram presas, sendo três adolescentes. Durante a confusão, a imprensa foi atacada. Um carro de reportagem do SBT foi incendiado e populares tentaram invadir a sede do jornal O Globo, na rua Irineu Marinho, próximo à prefeitura do Rio de Janeiro. Um repórter da GloboNews foi atingido na testa por bala de borracha.

"A expressão minoria tem que ser pensada. Uma minoria, não sei se produziria no Rio de Janeiro o que a gente viu", disse Beltrame. "Talvez seja uma minoria frente a 300 mil pessoas, mas uma minoria, minoria mesmo, não produz o que a cidade amanheceu e viu", completou.

A Polícia Militar (PM) informou ter adotado todas as táticas para dispersar aglomerações. As ações envolveram o uso de gás lacrimogêneo e de balas de borracha contra grupos de revoltosos e atingiu pessoas que estavam em bares no bairro da Lapa. Também foram relatadas ações em frente ao Hospital Municipal Souza e Aguiar.

"Em algum momento, grupos radicais, cerca de três mil pessoas, se chocou contra a polícia e houve um embate", afirmou o coronel Alberto Pinheiro Neto, chefe operacional da PM. "Naquele momento, havia a necessidade imperiosa de não se permitir aglomerações no centro. As pessoas estavam fora de si", avaliou. O ataque ao hospital foi negado.

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De acordo com o secretário de segurança, o cenário de ontem era crítico. "A polícia fica entre a possibilidade de vir a cometer uma prevaricação, um abuso, entre a técnica e a proporcionalidade, dentro de um cenário complexo que está aí", disse. Ele pede para que a população denuncie nas delegacias os policiais que tenham cometido excessos.

Para próximas manifestações não foram descartadas restrições ao deslocamento de pessoas, sem restringir a liberdade de ir e vir e de organização de protestos. "As manifestações pacíficas, nós garantimos. Para o vandalismo, a ordem. Um País melhor, todos queremos, mas para quebradeira, a polícia, que é o braço do Estado, tem que agir", afirmou Beltrame.

Na tentativa de identificar os criminosos que agiram ontem, estão sendo analisadas imagens de câmeras de segurança. O secretário destacou a necessidade de se produzir provas e conseguir a detenção preventiva de vândalos. Com bases em investigação criminal, foi pedida a prisão de duas pessoas, na quinta-feira. O pedido foi negado pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ).

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

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A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Agência Brasil
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