O secretário de Segurança Pública do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, disse nesta sexta-feira que a inteligência policial não trabalha mais com o conceito de minoria para se referir aos vândalos que depredaram o centro da cidade do Rio de Janeiro na quinta-feira. A estimativa é que mais de 3 mil pessoas tenham atacado e saqueado lojas, agências bancárias e uma escola municipal durante o protesto que levou cerca de 300 mil pessoas às ruas da cidade.
Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos
Pelo menos 40 pessoas ficaram feridas e oito foram presas, sendo três adolescentes. Durante a confusão, a imprensa foi atacada. Um carro de reportagem do SBT foi incendiado e populares tentaram invadir a sede do jornal O Globo, na rua Irineu Marinho, próximo à prefeitura do Rio de Janeiro. Um repórter da GloboNews foi atingido na testa por bala de borracha.
"A expressão minoria tem que ser pensada. Uma minoria, não sei se produziria no Rio de Janeiro o que a gente viu", disse Beltrame. "Talvez seja uma minoria frente a 300 mil pessoas, mas uma minoria, minoria mesmo, não produz o que a cidade amanheceu e viu", completou.
A Polícia Militar (PM) informou ter adotado todas as táticas para dispersar aglomerações. As ações envolveram o uso de gás lacrimogêneo e de balas de borracha contra grupos de revoltosos e atingiu pessoas que estavam em bares no bairro da Lapa. Também foram relatadas ações em frente ao Hospital Municipal Souza e Aguiar.
"Em algum momento, grupos radicais, cerca de três mil pessoas, se chocou contra a polícia e houve um embate", afirmou o coronel Alberto Pinheiro Neto, chefe operacional da PM. "Naquele momento, havia a necessidade imperiosa de não se permitir aglomerações no centro. As pessoas estavam fora de si", avaliou. O ataque ao hospital foi negado.
De acordo com o secretário de segurança, o cenário de ontem era crítico. "A polícia fica entre a possibilidade de vir a cometer uma prevaricação, um abuso, entre a técnica e a proporcionalidade, dentro de um cenário complexo que está aí", disse. Ele pede para que a população denuncie nas delegacias os policiais que tenham cometido excessos.
Para próximas manifestações não foram descartadas restrições ao deslocamento de pessoas, sem restringir a liberdade de ir e vir e de organização de protestos. "As manifestações pacíficas, nós garantimos. Para o vandalismo, a ordem. Um País melhor, todos queremos, mas para quebradeira, a polícia, que é o braço do Estado, tem que agir", afirmou Beltrame.
Na tentativa de identificar os criminosos que agiram ontem, estão sendo analisadas imagens de câmeras de segurança. O secretário destacou a necessidade de se produzir provas e conseguir a detenção preventiva de vândalos. Com bases em investigação criminal, foi pedida a prisão de duas pessoas, na quinta-feira. O pedido foi negado pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ).
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20 de junho Manifestantes vão às ruas do Rio de Janeiro em protesto por várias questões sociais, entre elas a reforma política e mais investimentos em saúde e educação
Foto: Mauro Pimentel
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20 de junho Manifestantes vão às ruas do Rio de Janeiro em protesto por várias questões sociais, entre elas a reforma política e mais investimentos em saúde e educação
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17 de junho Policial militar joga gás de pimenta no rosto de uma mulher durante o protesto no Rio de Janeiro
Foto: AP
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17 de junho Mascarado, manifestante mostra a bandeira do Brasil em frente a uma barricada de lixo em chamas no Rio de Janeiro
Foto: AP
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17 de junho - Cerca de 100 mil pessoas participaram do protesto contra o aumento da passagem no Rio de Janeiro nesta segunda-feira. A multidão ocupou as ruas do entorno da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj)
Foto: AP
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17 de junho - As ruas da capital fluminense ficaram tomadas por milhares de manifestantes
Foto: AP
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17 de junho - Depois de um começo de manifestação pacífico, a polícia e os manifestantes entraram em confronto
Foto: Brazil Photo Press
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17 de junho - O enfrentamento aconteceu em frente ao prédio da Assembleia, que recebeu forte policiamento para evitar pichações
Foto: AP
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17 de junho - Os manifestantes fizeram fogueiras nas imediações do prédio e atearam fogo em dois carros, um no estacionamento funcional da Assembleia Legislativa e outro atrás da Alerj
Foto: Mauro Pimentel
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17 de junho Os manifestantes fizeram fogueiras nas imediações do prédio e atearam fogo em dois carros, um no estacionamento funcional da Assembleia Legislativa e outro atrás da Alerj. Pelo menos 15 focos de incêndio foram contados pela reportagem do Terra
Foto: Mauro Pimentel
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17 de junho - Pelo menos 15 focos de incêndio foram contados pela reportagem do Terra
Foto: AP
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17 de junho Os manifestantes fizeram fogueiras nas imediações do prédio e atearam fogo em dois carros, um no estacionamento funcional da Assembleia Legislativa e outro atrás da Alerj. Pelo menos 15 focos de incêndio foram contados pela reportagem do Terra
Foto: Mauro Pimentel
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17 de junho - Durante a confusão, PMs deram tiros de fuzil para o alto para tentar dispersar a multidão.
Foto: Mauro Pimentel
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17 de junho - Manifestantes atiraram até cocos em direção aos policiais
Foto: AP
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17 de junho Policiais da Tropa de Choque da PM ficaram acuados na escadaria da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
Foto: Mauro Pimentel
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Por volta das 23h15, a Tropa de Choque chegou ao local e usou bombas de gás lacrimogênio. Às 23h45, os policiais conseguiram deixar a Alerj
Foto: Mauro Pimentel
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17 de junho - No fim da noite, um grupo de manifestantes conseguiu invadir o prédio da Alerj, quebrou janelas, ateou fogo na porta e tirou cadeiras de dentro do edifício
Foto: AP
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17 de junho - Dezenas de PMs e funcionários ficaram presos dentro da Alerj, cercada por manifestantes
Foto: Mauro Pimentel
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17 de junho - Os PMs precisaram negociar com os que protestavam para sair com os policiais que ficaram feridos durante a invasão
Foto: Mauro Pimentel
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17 de junho - Um grupo de pessoas agride um policial em frente à Alerj durante o protesto
Foto: AP
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17 de junho - Policial fica ferido após ser atingido por pedradas durante protesto no Rio de Janeiro
Foto: AP
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17 de junho - No fim do protesto, o cenário era de caos, com carros e orelhões destruídos e incendiados. Várias agências bancárias foram depredadas. Na foto, caixas eletrônicos do Itaú depredados na rua São José
Foto: Cirilo Junior
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17 de junho Do lado de fora, Manifestante discutem com funcionários da Alerj
Foto: Mauro Pimentel
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17 de junho Policiais da Tropa de Choque da PM ficaram acuados na escadaria da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
Foto: Mauro Pimentel
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17 de junho Diante dos ativistas, policiais da Tropa de Choque da PM ficaram acuados na escadaria da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
Foto: Mauro Pimentel
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17 de junho - Contra o aumento da passagem, mais de 50 mil ativistas foram às ruas do Rio de Janeiro na noite desta segunda-feira durante. Depois de um começo de manifestação pacífico, a polícia e uma pequena parte dos manifestantes entraram em confronto em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj)
Foto: Mauro Pimentel
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17 de junho - Contra o aumento da passagem, mais de 50 mil ativistas foram às ruas do Rio de Janeiro na noite desta segunda-feira durante. Depois de um começo de manifestação pacífico, a polícia e uma pequena parte dos manifestantes entraram em confronto em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj)
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Foto: Mauro Pimentel
Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.
O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.