PMs invadem velório e agridem familiares de jovem morto em SP; veja vídeo

Secretaria de Segurança Pública afirmou que foi instaurado inquérito para apurar a conduta dos policiais envolvidos

20 out 2024 - 18h57
(atualizado às 20h24)
PMs invadem velório e agridem familiares de jovem morto em SP
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Imagens de celular mostram o momento em que policiais militares invadiram o velório de dois jovens mortos no dia anterior, supostamente em confrontos com a PM, em Bauru (SP). Durante a ação, eles agrediram um familiar de um dos falecidos nesta sexta-feira, 18. A Secretaria de Segurança Pública informou ao Terra que um inquérito foi instaurado para investigar a conduta dos policiais envolvidos.

Em entrevista à Folha de São Paulo, Nilceia Alves Rodrigues, mãe de um dos jovens que estava sendo velado, relatou que tentava proteger outro filho, de 28 anos, que teria reclamado da presença dos PMs no local, quando foi arremessada contra um pilar por um dos policiais. Outros participantes da cerimônia também foram agredidos com cassetetes.

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Nilceia ainda contou que teve o cabelo puxado e foi sufocada pelo pescoço enquanto tentava segurar o filho, impedindo que ele fosse levado pela polícia. "Estou com a canela roxa por causa de botinadas", declarou ela. O jovem foi detido por desacato após questionar a ação dos policiais, conforme relatos das testemunhas ao jornal.

PMs invadem velório e agridem familiares de jovem morto em SP
PMs invadem velório e agridem familiares de jovem morto em SP
Foto: Reprodução

A mãe seguiu o filho até o hospital, onde o encontrou com um curativo no rosto, sendo encaminhado à delegacia. "Eu disse que tinha apenas duas horas para velar meu filho e pedi para ele assistir ao sepultamento do irmão, mas não deixaram."

Nilceia relatou que, ao voltar ao velório, o caixão já estava sendo retirado, com seu outro filho ainda na delegacia. "Me deram mais meia hora para ficar com ele."

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que a Polícia Militar instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a conduta dos agentes e tomar as medidas cabíveis.

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Sobre a morte de Guilherme Alves de Oliveira, de 18 anos, filho de Nilceia, e de seu amigo Luís Silvestre da Silva Neto, de 21 anos, a PM alegou que os dois morreram após entrarem em confronto com policiais na Rua João Camillo, em Bauru, na noite de quinta-feira, 17.

Os policiais afirmaram que "realizavam uma operação na Comunidade do Jardim Vitória quando foram surpreendidos por criminosos, que atiraram contra a equipe. Houve uma intervenção, e os suspeitos foram atingidos."

Ainda segundo a versão policial, o resgate foi acionado e os óbitos foram constatados no local. Porções de entorpecentes e as armas que os jovens supostamente usavam foram apreendidas. O caso foi registrado como morte decorrente de intervenção policial, tráfico de drogas, associação para o tráfico, apreensão de objetos e tentativa de homicídio pela Delegacia Seccional de Bauru. As investigações continuam pela Polícia Civil em colaboração com a Polícia Militar.

As mães dos jovens, no entanto, contestam a versão da polícia de que eles estavam armados. "Meu filho não sabia nem descascar uma laranja. Acho que ele nunca viu uma arma", afirmou Nilceia à Folha de São Paulo.

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Nilceia e Maria Aparecida Urbano Soares dos Santos, mãe de Luís, também alegaram que ambulâncias do Samu chegaram ao local, mas os socorristas não tiveram permissão para atender os jovens, o que contraria a versão apresentada pelos militares.

Elas ainda denunciaram que não foram autorizadas a ver os corpos de seus filhos. "Eu tenho direito de saber o que aconteceu, pois não me deixaram ver o corpo. Nem sei se ele levou três tiros [o jovem teria sido atingido na perna, no abdômen e no peito]. Disseram que foi muito tiro", concluiu Nilceia.

Fonte: Redação Terra
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