PMs que atuavam na escolta de empresário morto em aeroporto foram afastados

Celulares dos agentes também foram apreendidos; polícia busca entender porque 3 dos 4 não estariam no aeroporto no momento do crime

9 nov 2024 - 13h51
PMs responsáveis por escolta de delator do PCC executado em aeroporto são afastados
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Os policiais militares que trabalhavam na escolta do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, de 38 anos, morto na tarde desta sexta-feira, 8, no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), foram afastados de suas funções. Ele havia delatado o Primeiro Comando da Capital (PCC) para o Ministério Público (MPSP).

Ao Terra, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que os quatros PMs prestaram depoimento logo após o crime para a Polícia Civil e também na Corregedoria da Polícia Militar. Os celulares dos quatro foram apreendidos e serão periciados. Além dos aparelhos deles, o da namorada do corretor de imóveis também ficou com as autoridades. Ela também prestou esclarecimentos. 

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Os quatro ficarão afastados de suas atividades operacionais durante as investigações da execução. As corregedorias das polícias Civil e Militar apuram a atuação de seus agentes no crime que vitimou Gritzbach. O caso é conduzido pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa. 

Antônio Vinícius Lopes Gritzbach foi morto no Aeroporto de Guarulhos (SP)
Antônio Vinícius Lopes Gritzbach foi morto no Aeroporto de Guarulhos (SP)
Foto: Reprodução/TV Record

Além do empresário, três pessoas ficaram feridas, dois homens e uma mulher. Os dois homens, de 39 e 41 anos, permaneceram internados no Hospital Geral de Guarulhos. Já a mulher, de 28, recebeu atendimento médico e foi liberada. Ela também foi ouvida pelos policiais no local. 

Ainda segundo a SSP, os dois carros utilizados pela escolta da vítima e um terceiro, supostamente usado pelos atiradores, foram apreendidos e periciados. 

Execução 

O caso ocorreu na entrada do Terminal 2 por volta das 16h10 da tarde. Imagens de câmeras de segurança do aeroporto mostram o momento em que atiradores saem de um veículo estacionado e executam o empresário. Gritzbach levava uma mala de rodinhas quando foi surpreendido pelos criminosos.

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Ele tenta fugir, é atingido pelos disparos e cai perto da faixa de pedestres. É possível ver outras pessoas correndo por causa do tiroteio. Após o crime, os atiradores fogem. Além dele, outras três pessoas ficaram feridas. De acordo com o Estadão, a polícia apurou que foram ao menos 27 disparos efetuados por dois criminosos. 

Vídeo mostra momento em que empresário delator do PCC é executado no Aeroporto de Guarulhos
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Uma dupla da Guarda Civil Municipal (GCM) de Guarulhos estava em ronda próximo à entrada onde houve o tiroteio até por volta das 13h, quando identificaram um suspeito de ter adulterado a placa de um carro.

Depois disso, eles o conduziram para a delegacia do aeroporto. Como a ocorrência demorou três horas para ser registrada, segundo eles, os agentes não faziam ronda na hora da execução.

O empresário seria recebido pelo filho e um grupo de PMs que faziam a sua segurança, mas caminho para o aeroporto, um dos carros usados por eles teria supostamente apresentado falha mecânica. Três dos seguranças, então, teriam ficado com o veículo em um posto de combustível. 

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Polícia desconfia da atitude de seguranças de delator do PCC executado no aeroporto de Guarulhos
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A investigação busca entender se os agentes não teriam deixado o policial exposto no aeroporto intencionalmente. Segundo a TV Globo, um investigador disse que, como o delator do PCC seria visado por ter delatado a organização criminosa, o mais lógico seria que todos os agentes que cuidavam da segurança do empresário deixassem o carro quebrado para trás e seguissem para o aeroporto. 

Gritzbach voltava de viagem quando foi baleado no Aeroporto de Guarulhos.
Foto: Polícia Civil/Divulgação / Estadão

O celular de Gritzbach também foi recolhido no local do crime e passará por perícia. O aparelho pode ajudar nas apurações a partir de trocas de mensagens que deverão ser extraídas. A Polícia também acredita que a vítima já estava sendo monitorada desde sua saída de Goiás, já que os assassinos sabiam o horário que ele desembarcaria. 

As autoridades suspeitam que os criminosos foram avisados do momento em que o empresário desembarcaria para que o ataque ocorresse no momento em que ele saísse do saguão do aeroporto.

Quem era Gritzbach

Gritzbach era relator do Ministério Público, e teria entregado membros do PCC em uma delação. Aos investigadores, pessoas próximas da vítima disseram que ele temia pela própria vida, e que sabia que membros do PCC tinham conhecimento de sua colaboração com o Ministério Público.

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O empresário Antonio Vinícius Lopes Gritzbach foi morto a tiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos
Foto: Reprodução

Segundo informações do Estadão, Gritzbach fechou um acordo de delação premiada, homologado pela Justiça em abril. Ele negociava com o MPSP há, pelo menos, dois anos, e já havia prestado seis depoimentos. 

Delator do PCC e suspeito de mandar matar traficante: quem era Vinícius Gritzbach
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Na delação, ele falou sobre o envolvimento com a organização criminosa, a maior do país, com o futebol e o mercado imobiliário. Ele também deu informações sobre os assassinatos de líderes da facção, como Cara Preta e Django, mencionando a corrupção policial e suspeita de pagamento de propina na investigação da morte de Cara Preta.

Conforme o portal Metrópoles, em dezembro de 2023, Vinícius havia sido alvo de um suposto atentado na sacada do apartamento em que morava na zona leste da capital paulista.

Segundo o MP, ele teria mandado matar dois integrantes do PCC: Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, motorista de Anselmo. Ele negava envolvimento com as mortes.

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Vinícius ficou preso até 7 de junho de 2023, quando ganhou liberdade condicional e passou a usar tornozeleira eletrônica.

Em junho deste ano, a polícia foi mobilizada para atender a um suposto sequestro do empresário. O DHPP foi acionado após a esposa de Vinícius e os dois seguranças dele ligarem para o advogado de defesa, informando que houve uma movimentação suspeita, de um carro para outro.

Ao dar seu depoimento, Gritzbach demonstrou nervosismo. O teor do depoimento não foi revelado, e o caso segue sendo investigado.

Empresa

Gritzbach atuou na Porte Engenharia e Urbanismo "como corretor de imóveis entre 2014 e 2018", de acordo com a empresa. Ele afirmou ter conhecido membros da facção criminosa devido ao trabalho, por meio de um corretor de imóveis.

Gritzbach voltava de viagem quando foi atacado a tiros no Aeroporto de Guarulhos.
Foto: Ítalo Lo Re/Estadão / Estadão

A Porte é investigada pelo Ministério Público Estadual (MPE), por suspeita de ter vendido mais de uma dezena de imóveis para traficantes de drogas, segundo a delação. Gritzbach também afirmou que executivos da construtora sabiam do pagamento de imóveis em dinheiro em espécie e também de registros de bens cujo nome do verdadeiro proprietário ficava oculto, segundo o Estadão. À reportagem, a Porte diz "não é investigada pelo Ministério Público".

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"A Porte jamais tolerou qualquer atividade ilícita de qualquer colaborador e se dispôs a oferecer auxílio documental às autoridades competentes sobre as ações do ex-corretor no período em que atuou na empresa", afirmou, em nota.

Fonte: Redação Terra
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