Polícia afirma que suspeita de envenenar o bolo natalino da família é assassina em série: "Não saíra da cadeia nesta vida"

Laudo pericial do Instituto-Geral de Perícias (IGP) revelou que as mortes foram causadas por arsênio

10 jan 2025 - 14h42

O caso do bolo envenenado ganhou mais destaque na manhã desta sexta-feira (10), durante coletiva de imprensa realizada em Capão da Canoa, Litoral Norte. O laudo pericial do Instituto-Geral de Perícias (IGP) revelou que as mortes foram causadas por arsênio, veneno adquirido por Deise Moura dos Anjos, de 42 anos, pela internet. Segundo as investigações, ela utilizou o composto para cometer os crimes de forma premeditada. A diretora-geral do IGP, Marguet Inês Hoffmann Mittmann, afirmou que é impossível que as mortes tenham ocorrido de maneira acidental.

Foto: Reprodução / Porto Alegre 24 horas

A operação foi batizada de "Aqua Tofana", em referência a um veneno histórico do século XVII, conhecido por ser insípido, inodoro e incolor, semelhante ao método utilizado por Deise. Entre as vítimas que consumiram o bolo, estavam Zeli, responsável por preparar o bolo, que esteve internada na UTI, mas recebeu alta hospitalar nesta sexta-feira (10). Outro sobrevivente foi um menino de 10 anos, neto de Neuza e filho de Tatiana, que também ficou hospitalizado, mas já está em casa.

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Vítimas e motivações

A tragédia teve início em setembro, quando Paulo Luiz dos Anjos, sogro da acusada, consumiu alimentos envenenados — leite em pó e banana — levados por ela. Após apresentar sintomas graves, como vômitos, diarreia e sangramentos estomacais, Paulo faleceu. Inicialmente, a causa da morte foi interpretada como intoxicação alimentar. Conforme a delegada Sabrina Deffente, o bolo deveria ter sido consumido apenas por três pessoas, todas alvos diretos de Deise. No entanto, outros familiares acabaram provando o alimento, ampliando as vítimas.

A investigação revelou que Deise adquiriu o veneno em quatro ocasiões, entre agosto e dezembro, todas documentadas com notas fiscais e códigos de rastreamento. Além disso, ela realizou buscas na internet por substâncias que fossem indetectáveis e não alterassem o sabor dos alimentos.

O delegado Marcos Vinicius Veloso, responsável pelo caso, afirma que as provas contra a acusada são robustas. "Não temos dúvida de que era uma pessoa que praticava homicídios em série. Ela não foi descoberta durante muito tempo e apagava as provas que pudessem levar até ela", afirmou a delegada.

Comportamento

Deise foi descrita pelas autoridades como uma pessoa manipuladora, calma e convincente. A cada nova descoberta, a equipe de investigação foi surpreendida pelo grau de planejamento e frieza da acusada. Em uma mensagem enviada a uma pessoa próxima, apresentada pela polícia, Deise escreveu: "Quando eu morrer, cuida do meu filho e reza bastante por mim, porque quando eu morrer, provavelmente eu não vá para o paraíso".

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A Polícia Civil acredita que Deise não sairá da prisão. "As evidências são claras. Ela não sairá da cadeia nesta vida", declarou o delegado Heraldo Chaves Guerreiro. A investigação agora apura a possibilidade de outras tentativas de envenenamento cometidas por Deise contra pessoas próximas.

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