Consultor de segurança pública de Witzel é preso no Rio

O policial Flávio Pacca Castello Branco era um dos alvos da Operação Quarto Elemento

28 fev 2019 - 12h41
(atualizado às 13h28)

Uma operação conjunta do Ministério Público e da Corregedoria da Polícia Civil prendeu na manhã desta quinta-feira, 28, por extorsão, o policial Flávio Pacca Castello Branco. Ele é consultor de segurança do governador Wilson Witzel (PSC) e foi homenageado, em 2005, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), pelo então deputado estadual e hoje senador Flávio Bolsonaro (PSL).

O agente foi preso em sua casa, na Glória, na zonal sul da cidade. Ele era um dos alvos da Operação Quarto Elemento que tinha mandados de prisão também contra os policiais Ricardo Canavarro, que já estava preso, Hélio Ferreira Machado e Tiago Pereira. Eles são acusados de praticar extorsão contra comerciantes envolvidos em atividades criminosas na Baixada Fluminense.

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Policiais suspeitos de praticar extorsões foram alvos da terceira fase da operação Quarto Elemento, no Rio de Janeiro (RJ), na manhã desta quinta-feira (28)
Policiais suspeitos de praticar extorsões foram alvos da terceira fase da operação Quarto Elemento, no Rio de Janeiro (RJ), na manhã desta quinta-feira (28)
Foto: José Lucena / Futura Press

Pacca, de 57 anos, é conhecido por ser instrutor de tiro e exímio atirador. Nesta condição, se tornou um dos principais consultores do novo governo, especialmente em relação à "política de abate" de criminosos em comunidades. Foi também por essa condição que ele recebeu em 2005, a pedido de Flávio Bolsonaro, uma moção da Alerj.

A moção foi proposta por causa de uma operação policial que resultou na morte do traficante Erismar Rodrigues Moreira, conhecido como Bem-Te-Vi, então chefe do tráfico de drogas na favela da Rocinha, na zona sul.

"No dia 28 de outubro de 2005, este policial civil, juntamente com sua equipe, realizou uma operação na Favela da Rocinha para reprimir o tráfico de drogas. A operação foi lograda (sic) de êxito, sem baixas de policiais, e culminando com a morte de um dos traficantes mais procurados do estado, conhecido por Bem-Te-Vi", justifica a moção.

O texto celebra a morte do traficante e elogia Pacca: "Este policial foi um dos responsáveis por 'recuperar' esse marginal, visto que a sociedade tem a certeza de que ele nunca mais estará apto a viciar o filho de ninguém, nem a levar o terror aos cidadãos fluminenses, prestando um relevante serviço social à população."

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Pacca foi candidato a deputado federal nas últimas eleições e fez campanha lado a lado com Witzel e Flávio Bolsonaro, mas não foi eleito. Ativo nas redes sociais, ele já defendeu o senador do PSL no caso da investigação do Ministério Público sobre irregularidades na distribuição do salário de assessores de gabinete na Alerj. Numa discussão no Twitter, Pacca argumenta que o foro privilegiado é um direito.

Na mesma discussão, o policial diz que trabalha no governo e defende o "abate de criminosos": "Trabalho pro governo. Atirador de elite é comigo mesmo. A limpeza vai começar. Aguarde". Em outros posts, Pacca assume o discurso da ética e da honestidade e diz, em várias ocasiões, "burro é quem vota em bandido".

Extorsão

De acordo com o MP, entretanto, Pacca e os outros três denunciados "extorquiram, mediante grave ameaça, duas vítimas e dela exigiram o pagamento de R$ 10 mil". As vitimas tinham sido flagradas pelos agentes fazendo uma ligação clandestina de energia e foram levadas para a 52ª Delegacia de Polícia, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Em vez de serem autuados, os presos foram ameaçados e forçados a pagar o montante em duas parcelas.

Por meio de nota oficial, o governador Wilson Witzel afirmou que a prisão "mostra que o meu governo não tolera nenhum ato ilícito, seja de quem for". Na nota, o governador afirmou ainda que Pacca deve ter "seus direitos garantidos, como qualquer cidadão. Mas, seja quem for que tenha cometido ou cometa algum ato ilícito ou de corrupção, esta pessoa será punida de acordo com a lei".

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Também por meio de nota oficial, Flávio Bolsonaro afirmou que "sempre atuou na defesa de agentes de segurança pública". E continuou: "É natural ter concedido centenas de homenagens por ações que mereceram reconhecimento. Não há como prever fatos posteriores às homenagens. Porém, aqueles que cometem erros devem responder por seus atos".

A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Pacca, nem dos outros acusados. O espaço está aberto para as manifestações.

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