Policiais presos suspeitos de ligação com PCC não tinham vida compatível com os ganhos, diz PF

Agentes detidos foram delatados pelo empresário Vinícius Gritzbach, assassinado no aeroporto de Guarulhos; defesas dos acusados negaram envolvimento com a facção

17 dez 2024 - 21h58

Os policiais presos nesta terça-feira, 17, em São Paulo, suspeitos de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), não levavam uma vida de bens materiais e financeira compatível com os ganhos que tinham, segundo o delegado regional da Polícia Judiciária da Polícia Federal de São Paulo, Dennis Cali. A declaração foi dada em entrevista à Globonews.

Os agentes detidos foram delatados pelo empresário Antônio Vinícius Gritzbach, assassinado no aeroporto de Guarulhos, no começo de novembro, e suspeito também de integrar a facção criminosa. As defesas dos acusados negaram envolvimento com a facção (leia mais abaixo).

"A partir do cruzamento das provas que tinham sido produzidas é que a gente trabalhou, se debruçou em cima da lavagem de dinheiro. O que mais chamou a atenção foi a incompatibilidade financeira, tanto de bens, como de carros, joias. E, a partir disso, é que estão sendo cumpridos os 13 mandados de busca e apreensão e os oito pedidos de prisão temporária", disse o delegado.

O objetivo das prisões e apreensões, segundo o Ministério Público e a PF, é desarticular a organização criminosa voltada à lavagem de dinheiro e crimes contra a administração pública (corrupção passiva e ativa). A operação é fruto de um cruzamento de várias investigações que surgiram a partir das deleções de Gritzbach.

"A operação de hoje, assim como a operação que tivemos na semana passada, demonstra que há uma conexão entre os membros dessa organização criminosa e, como estamos ainda em uma fase inicial da investigação, entendemos que, a partir da operação de hoje, novos elementos de provas serão obtidos para a gente avançar ainda mais com os trabalhos", afirmou Dennis Cali.

O Delegado da Polícia Federal afirmou ainda que as investigações apontam para a existência de "um núcleo financeiro" que estaria dando suporte para a atividade criminosa de tráfico de drogas e até de roubo a banco, praticadas pelos suspeitos.

"A partir da investigação de hoje, a gente pretende avançar ainda mais. Percebemos que esse núcleo financeiro foi constituído entre eles para, também, obter a proteção da polícia", disse Cali à Globonews.

A Polícia Federal e o Ministério Público de São Paulo prenderam, neste terça, três policiais civis e um delegado por suspeita de envolvimento com o PCC.

Entre os presos estão o delegado Fábio Baena, além dos investigadores Eduardo Lopes Monteiro, Marcelo Ruggieri e Marcelo Bombom. O policial Rogério de Almeida Felício, também alvo, está foragido. Além deles, a operação ainda prendeu quatro pessoas apontadas como os principais responsáveis pela lavagem de dinheiro da facção, incluindo o advogado Ahmed Hassan Saleh, vulgo Mude.

Com eles, foram apreendidos dinheiro, armamento e joias.

À frente da defesa de Baena e Lopes Monteiro, o escritório Bialski Advogados Associados afirmou, em nota, que a prisão dos dois se constitui em "arbitrariedade flagrante". "Ambos compareceram espontaneamente para serem ouvidos e jamais causaram qualquer embaraço às repetidas investigações", disse.

A defesa de Saleh disse que está tomando as medidas judiciais cabíveis para revogar a prisão temporária. O advogado Anderson Minichillo, que representa Ruggieri, disse que acha "prematuro o decreto de prisão". A reportagem tenta contato com a defesa dos outros citados.

Os investigados, de acordo com suas condutas, podem responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva e ocultação de capitais, cujas penas somadas podem alcançar 30 anos de reclusão.

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Dinheiro e joias foram apreendidas em operação da PF contra policiais suspeitos de envolvimento com o PCC.
Dinheiro e joias foram apreendidas em operação da PF contra policiais suspeitos de envolvimento com o PCC.
Foto: Divulgação/Polícia Federal / Estadão
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