Primeiro fugitivo brasileiro do PCC é recapturado em MS

Homem foi recapturado em Ponta Porã, no lado brasileiro da fronteira

20 jan 2020 - 12h17
(atualizado às 12h32)
Três caminhonetes foram incendiadas no lado brasileiro da fronteira com o Paraguai, em Ponta Porã, após a fuga de presos do PCC de presídio de Pedro Juan Caballero
Três caminhonetes foram incendiadas no lado brasileiro da fronteira com o Paraguai, em Ponta Porã, após a fuga de presos do PCC de presídio de Pedro Juan Caballero
Foto: Sejusp MS / Divulgação / Estadão Conteúdo

O primeiro dos 40 brasileiros do Primeiro Comando da Capital (PCC) que fugiram domingo (19) da Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, foi recapturado na manhã desta segunda-feira (20) em Ponta Porã, no lado brasileiro da fronteira. De acordo com o secretário da Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Antonio Carlos Videira, o preso foi capturado em um dos bloqueios do Departamento de Operações de Fronteira (DOF), unidade especializada que atua na região.

Desde domingo, cerca de 500 quilômetros da fronteira com o Paraguai estão com barreiras montadas pelas forças do Estado e da União na tentativa de evitar a entrada dos fugitivos no Brasil. O homem de 30 anos foi abordado em um dos bloqueios, em Ponta Porã, e levado para a delegacia da Polícia Civil para identificação. Conforme o secretário, ele é de Imperatriz, no Maranhão, e cumpria pena no Paraguai por tráfico de drogas havia quatro anos. Conforme o secretário, ainda será decidido o destino do recapturado.

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No Paraguai, a ministra da Justiça, Cecilia Pérez, baixou resolução na tarde de domingo, 19, decretando intervenção na penitenciária de Pedro Juan Caballero. A medida foi tomada após a fuga. O diretor do presídio, Christian González, foi demitido do cargo e colocado à disposição da Justiça.

A ministra designou como interventor Domingo Antonio Bazan Rojas, que respondia pela penitenciária regional de Concepción. Segundo a assessoria de imprensa da pasta, a ministra determinou também a revisão dos procedimentos de segurança em todos os presídios que abrigam presos de facções criminosas no Paraguai. As férias de funcionários foram suspensas e houve determinação de que todos se apresentem a seus postos de trabalho na manhã desta segunda, como medida de segurança. A estimativa das autoridades paraguaias é de existirem cerca de 600 detentos ligados ao PCC, a facção brasileira que controla a maioria dos presídios.

Ainda segundo a assessoria, os 30 funcionários estavam sendo ouvidos pela Justiça na manhã desta segunda (20). Também foi aberta uma investigação interna para apurar possível participação na fuga. "É alta a possibilidade de envolvimento de funcionários corruptos da penitenciária na fuga dos integrantes do PCC, porque é impossível que não tenham visto a quantidade de areia em uma das celas. Não é possível que os funcionários não tenham podido ver uma saída (buraco) no perímetro da penitenciária. Há uma evidente conivência", afirmou a ministra, em nota.

Após a fuga, uma vistoria encontrou cerca de 200 sacos de areia amontoados em uma cela, o que reforçou a suspeita de omissão ou conivência de funcionários. Em outubro de 2018, a polícia paraguaia descobriu um túnel em construção em uma casa vizinha da penitenciária de Pedro Juan Caballero. A obra tinha estrutura para comportar a passagem de até três pessoas por vez. O corredor subterrâneo já havia ultrapassado o muro do presídio, quando foi descoberto. Na ocasião, as autoridades do sistema penitenciário informaram que o túnel serviria para fuga de 90 integrantes do PCC e chegaram a comemorar o fato do plano de fuga ter sido frustrado.

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No domingo, a ministra chegou a colocar o cargo à disposição do presidente Mario Abdo Benitez, mas ele não aceitou o pedido. No ano passado, o então titular da pasta, Julio Rios, foi demitido após o resgate de Jorge Samudio, um dos líderes do Comando Vermelho, outra facção brasileira que atua no Paraguai. Samudio foi libertado após um ataque ao comboio que o levava para prestar depoimento no Palácio de Justiça. Um policial que fazia parte da escolta foi morto na ação. Ele já estava com o cargo em risco, quando duas rebeliões organizadas pelo PCC deixaram 10 mortos e 18 feridos.

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