Em um ano de funcionamento, o programa “De Braços Abertos” conseguiu reduzir em 80% o número de usuários de drogas que circulam diariamente pela região conhecida como Cracolândia, no centro da capital paulista, de acordo com a Prefeitura de São Paulo. O local, que chegou a receber por dia um “fluxo” de até 1.500 pessoas, recebe hoje 300 usuários, em média, que ficam concentrados no cruzamento da alameda Cleveland com a rua Helvetia, a poucos metros de uma base móvel da Polícia Militar.
O programa, que oferece emprego, alimentação, moradia e tratamento de saúde aos dependentes químicos, conta hoje com 453 beneficiários. Desses, 21 já foram contratados por uma empresa terceirizada (Guima Conseco) e trabalham com carteira assinada – eles recebem R$ 820 por mês, vale-refeição de R$ 9,10 por dia, cesta básica no valor de R$ 81,33 e vale-transporte. De acordo com a prefeitura, todos eles comparecem diariamente ao trabalho e reduziram o consumo de drogas.
Outros 321 beneficiários trabalham no serviço de varrição de ruas e limpeza de praças, com remuneração de R$ 15 por dia e três refeições. Desses, 100 estão matriculados em cursos de capacitação e 18 estão no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Há, ainda, um grupo de 75 pessoas em processo de inserção nas frentes de trabalho, que moram em hotéis da região e recebem assistência médica e psicológica.
A segurança também aumentou na região, ainda segundo a prefeitura. Números da Polícia Militar (PM) apontam que, enquanto em 2014 foram registrados 17 furtos de veículos e 392 furtos a pessoas, os números de 2013 – quando não existia programa – ficam em 34 e 582, respectivamente, o que indica queda de 50% e 33%.
As ações são coordenadas pelas secretarias municipais de Saúde (SMS), Assistência e Desenvolvimento Social (Smads), Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo (SDTE), Segurança Urbana (SMSU) e Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC). A Prefeitura de São Paulo diz que o programa traz “um novo olhar sobre o dependente químico, que deixou de ser tratado como caso de polícia e passou a ser encarado como cidadão, com direitos e capacidade de discernimento”.