Protesto acaba em confronto, ônibus queimado e detidos em Porto Alegre

Caminhada começou pacífica, mas polícia usou bombas de efeito moral para dispersar manifestantes após atos de vandalismo

17 jun 2013 - 19h09
(atualizado em 18/6/2013 às 12h56)
Manifestantes se recusam a recusar apesar do avanço da polícia
Manifestantes se recusam a recusar apesar do avanço da polícia
Foto: Daniel Favero / Terra

Um protesto que iniciou de forma pacífica em Porto Alegre – com cerca de 10 mil pessoas reunidas para protestar pela redução da passagem do transporte público – terminou em confronto com policiais militares na noite desta segunda-feira. Recuada durante boa parte da caminhada pelas ruas do centro da capital, a Brigada Militar decidiu agir depois de atos de vandalismos, praticados pela minoria do grupo. Um ônibus foi queimado e estabelecimentos foram depredados. Pelo menos nove pessoas foram detidas.

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A aglomeração iniciou por volta das 18h na prefeitura de Porto Alegre, quando os manifestantes seguiram pelas avenidas Salgado Filho e João Pessoa gritando palavras de ordem. Durante o trajeto, um grupo isolado de jovens virava coletoras de lixo, mas o restante dos manifestantes vaiava o ato de vandalismo e desvirava os contêineres. “Sem vandalismo”, gritava a maioria.

A Brigada Militar, inicialmente, observava o protesto à distância, sem coibir os primeiros atos de vandalismo. Na chegada à avenida Ipiranga, importante via de Porto Alegre, um grupo de manifestantes quebrou as vidraças de uma revendedora de motos da Honda. Motociclistas foram reviradas e capacetes foram furtados. Rojões foram estourados dentro do estabelecimento.

Concessionária de motocicletas é depredada pouco antes do início dos conflitos
Foto: Daniel Favero / Terra

A marcha seguiu em direção ao prédio do jornal Zero Hora, da RBS (afiliada da Globo). Lá, um cordão do Batalhão de Operações Especiais (BOE) usou bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha para dispersar manifestantes, que correram no sentido contrário. Manifestantes jogaram rojões e pedras contra os policiais.

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Policiais que guardavam as dependências da revendedora da Honda, que fora depredada, também foram alvos de rojões. Os explosivos assustaram os cavalos da Brigada Militar, que correram na avenida Azenha e provocaram tumulto entre pessoas que acompanhavam a manifestação. 

“A Brigada Militar sempre atua para garantir o direito daquelas pessoas que querem fazer sua manifestação. A partir do momento em que a ordem pública é conturbada, a BM passa a reagir. Nós mantemos uma atuação para manter as pessoas afastadas, para evitar o confronto direto”, disse o titular do Comando de Polícia Ostensiva da Capital (CPC), coronel João Godoi. “Na realidade, esta ação específica partiu de um pequeno grupo de pessoas, não da maioria que agiu de forma pacífica”, reconheceu.

Ônibus depredados

A ação da polícia levou manifestantes de volta para a avenida Azenha. Lá, um grupo ateou jogo a objetos, como um contêiner de construção, outro de lixo, um telefone público e uma caixa de correio. Um ônibus foi depredado.

Mais adiante, na avenida João Pessoa, um coletivo da empresa Carris foi incendiado. "Eles não fizeram nada conosco, apenas exigiram que a gente saísse. Eu abri as portas e deixei todos os passageiros saírem", diz José Gusmão, motorista do veículo.

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Os manifestantes seguiram pelo bairro Cidade Baixa, onde outras coletoras de lixo foram queimadas. A polícia seguiu utilizando bombas de efeito moral para dispersar o grupo. O protesto seguiu para a Praça da Matriz, onde fica a sede do governo gaúcho. Vidraças do Palácio da Justiça também foram atacadas.

Protesto apartidário

A manifestação se reuniu no início da noite desta segunda-feira em frente à Prefeitura de Porto Alegre, no centro da cidade, dando continuidade aos protestos iniciados por conta do aumento da passagem de ônibus. Os manifestantes expressam apoio ao movimento iniciado em São Paulo há mais de uma semana. Com cartazes e tambores, os manifestantes defenderam o caráter apartidário do protesto, vaiando pessoas que levaram bandeiras de partidos políticos de esquerda.

Balas de borracha usadas pela polícia para dispersar o protesto
Foto: Daniel Favero / Terra

A Guarda Municipal fez um cordão de isolamento em frente ao prédio da Prefeitura e apenas observava a manifestação. Em determinado momento, um manifestante jogou uma garrafa vazia nos guardas. Ele foi vaiado pelos demais manifestantes, que puxaram um grito coletivo de “sem violência”.

Os cartazes e faixas eram diversos, desde protestos contra os gastos públicos com a Copa das Confederações até pedidos de revolução. 

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Porto Alegre foi uma das primeiras cidades brasileiras onde o aumento anunciado no preço da passagem gerou uma onda de protestos. Após uma série de manifestações, uma decisão judicial suspendeu o reajuste.

Colaborou com esta notícia a internauta Aline Spassini, de Porto Alegre (RS), que participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Fonte: Terra
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