Protesto contra PEC 37 reúne 30 mil pessoas em São Paulo

Movimento pacífico saiu da avenida Paulista e seguiu até a sede do Ministério Público Estadual

22 jun 2013 - 16h29
(atualizado em 24/6/2013 às 09h19)
<p>Manifestantes vão às ruas de São Paulo em protesto contra a PEC 37</p>
Manifestantes vão às ruas de São Paulo em protesto contra a PEC 37
Foto: Fernando Borges / Terra

Um protesto contra a Proposta de Emenda Constitucional 37/2011, a chamada PEC 37 - que acaba com o poder de investigação do Ministério Público -, bloqueou a avenida Paulista, em São Paulo, na tarde deste sábado. Cerca de 30 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, se concentraram em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), fecharam a via e começaram a marchar por volta das 16h. O grupo seguiu até a sede do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), na rua Riachuelo, no centro da cidade. Diferentemente de outros protestos, a manifestação foi pacífica, reunindo várias famílias e crianças.  

Protesto por mudanças na sociedade toma as ruas do País; veja fotos

Publicidade

O procurador de Justiça Felipe Locke Cavalcanti, presidente da Associação Paulista do Ministério Público (APMP), participou da manifestação. Para ele, "a PEC 37 é uma reação dos réus condenados no (julgamento do) mensalão ao Ministério Público". A proposta busca determinar que apenas as polícias civil e federal tenham permissão para conduzir investigações criminais.

"O nosso protesto é contra a PEC 37, que simboliza um atraso no setor de investigação", disse.  Locke afirmou que "precisamos de uma polícia melhor e corregedorias mais atuantes, mas o papel do Ministério Público é fundamental". "Não podemos deixar o controle das investigações nas mãos dos corruptos", disse ele.

O procurador da República Rodrigo de Grandis também participou da marcha. Ele comemorou o fato de que a PEC 37 tem sido alvo de vários protestos realizados pelo País nas últimas semanas. "O movimento transbordou no Ministério Público Federal. O povo está nas ruas, e isso é bom", disse.

Com cartaz, jovem pede o fim da corrupção no País em protesto contra PEC 37
Foto: Jackeline Silva Gasparini / vc repórter

Assim como em outros atos, o protesto deste sábado também foi genérico. Contra o governo, contra a corrupção e contra a presidente Dilma Rousseff (PT). Houve também protestos contra os vereadores de São Paulo, quando a caminhada passou em frente à Câmara Municipal de São Paulo, que estava protegida por policiais militares. Não houve registro de incidentes.

Publicidade

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Publicidade

Colaboraram com esta notícia os internautas Richard Sena, Jackeline Silva Gasparini e Ligia Marquezani, de São Paulo (SP), que participaram do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Fonte: Terra
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações