Moradores da cidade de Itu, no interior de São Paulo, já começaram a apelar para o divino para que volte a chover na região, que vive a pior crise de abastecimento de água de sua história. Após uma onda de protestos violentos intercalada com atos pacíficos, os ituanos resolveram se unir para pedir ajuda a Deus, ou melhor, para Nossa Senhora.
Uma página criada no Facebook chamada “Itu pede socorro a Nossa Senhora” já reunia mais de 500 pessoas nesta segunda. “Convidamos a rezar um Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória pelas Almas do Purgatório, pelo seu descanso, e que intercedam junto a Deus para tenha piedade dos que aqui estão, e nos mande CHUVA em abundância!”, diz a página.
A primeira reunião do grupo ocorreu no sábado, no 1º Terço Público pedindo a Nossa Senhora Chuva. Homens, mulheres e crianças se reuniram para rezar pela chuva, cada vez mais raras pelos lados do Estado de São Paulo. “Ficar de braços cruzados não irá resolver, pegue seu terço e junte-se a nós”, convida o grupo.
Na semana passada, moradores de Itu pregaram cartazes em suas casas e em avenidas da cidade pedindo ajuda. A ação coletiva faz parte de um ato pacífico que pede atenção para a cidade, já que muitas residências estão sem água há mais de um mês. O principal objetivo do grupo “Itu Vai Parar”, que já conta com mais de 4 mil adeptos, é o decreto de estado de calamidade na cidade.
Os manifestantes pedem a extinção da atual concessão de administração de águas na cidade por incompetência e que o governo estadual faça uma intervenção com obras para melhorar a captação de água na região.
Diante da pior crise de abastecimento de sua história, a prefeitura de Itu acabou tirando o site da prefeitura do ar para uma “manutenção programada”. Moradores tentam conseguir água por bicas e por meio de caixas d’água que foram disponibilizadas em pontos isolados da cidade.
As bicas recebem movimento o dia inteiro, inclusive durante as madrugadas. Outros moradores acabam peregrinando para outras regiões em busca de córregos e fontes de água.
A crise em Itu já dura quase nove meses e, em alguns bairros, a falta de água chega a atingir 30 dias. O racionamento atinge quase toda a cidade e o Ministério Público já recomendou o reconhecimento de estado de calamidade pública. Segundo a prefeitura, o pedido não foi feito, pois os serviços essenciais como escolas e hospitais não foram desabastecidos.