Rio: manifestantes voltam a protestar em frente à casa de Cabral

25 jul 2013 - 19h15
(atualizado às 23h06)
<p>Um grupo de aproximadamente 600 pessoas se concentrou novamente na esquina da avenida Delfim Moreira com a rua Aristides Espínola, no Leblon, próximo à casa do governador Sérgio Cabral (PMDB)</p>
Um grupo de aproximadamente 600 pessoas se concentrou novamente na esquina da avenida Delfim Moreira com a rua Aristides Espínola, no Leblon, próximo à casa do governador Sérgio Cabral (PMDB)
Foto: Reynaldo Vasconcelos / Futura Press

Cerca de 600 pessoas fizeram uma manifestação na tarde desta quinta-feira em frente à casa do governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), no Leblon, na zona sul da capital fluminense. Ao final, por volta das 19h30, os manifestantes, acompanhados por policiais, começaram a se dirigir até a loja Toulon, na avenida Ataulfo de Paiva, onde houve saques no protesto da semana passada. A intenção era mostrar que foi dada mais importância por parte da mídia e do Estado à confusão na loja do que ao desaparecimento do pedreiro Amarildo e à chacina na comunidade da Maré.

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Do Leblon, o grupo combinou ir para Copacabana, local dos eventos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Alguns dos integrantes estavam com os rostos cobertos e foram revistados pela PM.

PM revista mochila de manifestantes antes de protesto

No início da mobilização, quando as pessoas começavam a chegar, policiais revistavam as mochilas dos presentes. A Polícia Militar afirmou, em depoimento ao grupo Mídia Ninja, que transmite os protestos, que os PMs não iriam utilizar munição letal e justificou a falta de identificação nominal dos agentes na farda, principal reclamação dos manifestantes, alegando pouco tempo para a confecção das mesmas.

Os policiais utilizavam uma identificação alfa numérica, com uma letra seguida por um número. Um forte aparato de segurança foi mobilizado, incluindo a presença de dois ‘caveirões’ posicionados em frente à residência do governador, na rua Aristides Espínola. 

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Diferentemente da última manifestação, onde os policiais só ficaram atrás de uma barreira armada, desta vez, alguns poucos PMs transitavam no meio da manifestação procurando dialogar com os manifestantes.  As pessoas protestaram pacificamente, gritando palavras de ordem contra Cabral e o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (PMDB), e pedindo explicações sobre o paradeiro do pedreiro Amarildo Dias de Souza, desaparecido há 13 dias desde que foi pego na Rocinha por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) local.

As principais reivindicações dos manifestantes, conforme descrito na divulgação do evento no Facebook são: a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Delta; CPI da Copa; CPI do Helicóptero (em alusão ao mau uso das aeronaves por parte do governador) e desmilitarização da polícia, além de se mostrarem contra a privatização do Maracanã; o fim do Museu do Índio; a remoção da Aldeia Maracanã e as remoções compulsórias e privatizações por conta da Copa. 

O grupo pede também a saída de Cabral e seu vice, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e revisão de todos as licitações em vigência.

No Facebook, usuários demonstravam preocupação com a infiltração de policiais que vem ocorrendo nos protestos, informação comprovada pela própria PM, e, por isso, alertavam para que as pessoas filmassem o máximo que pudessem no local. Este foi o sétimo protesto em frente à casa do governador.

Mais cedo, no posto 12, em frente à Aristides Espínola, pessoas se reuniram durante a tarde para recolher mantimentos e donativos destinados à família de Amarildo. A frase “Onde está Amarildo?” já é uma das principais ilustrações de cartazes presentes nos recentes protestos da cidade.

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Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

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Com informações do Jornal do Brasil

Fonte: Terra
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