O nível do rio Paraguai, em Ladário, caminha em 2024 para atingir o pior nível histórico de seca já registrada em Mato Grosso do Sul. Nesta semana, a régua de Porto Esperança marca 7 centímetros, sendo que 35 cm já é considerado estiagem. A situação é crítica e pode estar relacionada com as mudanças climáticas e as consequências nas temperaturas e ciclo de chuvas.
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Carlos Padovani, acompanha há anos o comportamento dos rios de Mato Grosso do Sul, principalmente na bacia do Paraguai e afirma que o cenário atual é preocupante. A referência usada por ele é o nível do rio Paraguai na régua de Ladário, que representa 80% da baía e tem histórico de 123 anos.
O principal alerta é que, nesta época do ano, a região pantaneira encerra o período de cheias e inicia a estiagem, mas os rios não encheram como era esperado. As altas temperaturas, aliadas a irregularidade e pouco volume de chuvas, afetam diretamente a bacia do Pantanal e, consequentemente, o nível dos rios.
"Tem chovido, mas a chuva não tem influenciado no nível dos rios porque é necessária muita chuva para infiltrar no solo e encher os rios, mas as chuvas estão irregulares e está muito calor, o que também contribui para que a chuva não seja suficiente", explica o pesquisador. Com chuvas irregulares e rios secos, outras duas graves consequências acontecem: falta de navegabilidade na hidrovia e tendência a incêndios.
Marinha alerta para nível do rio Paraguai negativo
No início de março deste ano, a Marinha do Brasil emitiu um estudo técnico sobre a bacia do rio Paraguai no Pantanal, onde alerta para a probabilidade do rio atingir níveis negativos nos próximos meses, assim como ocorreu em 2020 e 2021.
Considerando o histórico de chuvas, a Marinha acredita que o acumulado de precipitação atinja de 700 a 800 mm, ficando abaixo da média histórica de 1113,3 mm. Fato similar ao ocorrido em 2020 e 2021, quando foi observado período de forte seca na região, com queimadas e baixo nível do rio Paraguai.
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