Rio: PM afasta policial que jogou gás de pimenta em manifestantes

20 ago 2013 - 21h55
(atualizado às 21h55)

O Comando da Polícia Militar do Rio de Janeiro afastou nesta terça-feira o sargento do Batalhão de Choque que usou spray de pimenta durante um protesto na noite de ontem. Paulo Giovani da Silva lançou jatos de spray de pimenta em direção a advogados, jornalistas e outras pessoas que estavam por perto. Uma mulher que tentava se proteger também foi atingida pelo PM com jatos no rosto. Antes da ação, Silva discutiu com advogados que acompanhavam o protesto. “Na porta da delegacia vocês são advogados, aqui não”, disse. A PM afirmou que ele vai ser avaliado pelo setor de psicologia da corporação. “Vamos ver, no final da sindicância, se vai ser constatado um excesso por parte do policial. A corregedoria vai fazer isso, ouvindo todas as partes, para que a gente possa chegar a um resultado que a gente deseja, que é um trabalho de diálogo e transparência”, afirmou o coronel Claudio Costa, relações públicas da PM. As informações são do Jornal Nacional.

Para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a polícia cometeu excessos e mostrou despreparo para enfrentar os protestos. “Ela não consegue prender quem tem que prender com competência e, na hora da reação, acaba atingindo jornalistas, advogados e transeuntes, mostra que não sabe lidar com situações como essa, o que é perigoso para o País do ponto de vista institucional”, disse o presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz. A Polícia Militar não comentou as declarações dele. O Comando da PM anunciou que também vai afastar das ruas um policial que disparou balas de borracha na mesma ação. Ele ainda não foi identificado. A manifestação começou pacificamente em frente à Câmara dos Vereadores, no centro do Rio. De lá, os manifestantes seguiram para a Assembleia Legislativa. Com o rosto coberto, um grupo formou uma barreira na frente da passeata. Pelo menos 300 pessoas ocuparam as escadarias da Assembleia. A polícia tentou dispersar os manifestantes e houve tumulto e correria. Um jovem de 19 anos foi detido, levado para a delegacia e liberado em seguida. 

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Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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