Rio: polícia isola prédio de Cabral; grupo deve ficar acampado até 2ª

Policiais militares fizeram um cordão de isolamento para cercar o prédio onde o governador do RJ, Sérgio Cabral, mora

22 jun 2013 - 10h57
(atualizado às 17h38)
<p>Grupo pede apoio de quem passa pela esquina da rua Aristides Espínola com a avenida Delfim Moreira, no Rio</p>
Grupo pede apoio de quem passa pela esquina da rua Aristides Espínola com a avenida Delfim Moreira, no Rio
Foto: Mauro Pimentel / Terra

Os cerca de 50 manifestantes que estão acampados em frente à casa do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), prometem permanecer no local até a manhã da próxima segunda-feira. Eles querem ser recebidos pelo próprio governante, ou por representantes do staff de Cabral. Alguns não descartam estender o protesto, que acontece desde a noite de ontem, e ganha apoio da população que passa pela esquina das rua Aristides Espínola com a avenida Delfim Moreira, no Leblon, um dos metros quadrados mais caros da cidade.

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No condomínio Portobelo, em Mangaratiba, no sul do Estado, onde Cabral tem casa de praia, a segurança foi reforçada. Não foi informado o paradeiro do governador. Segundo a assessoria, ele está no Rio de Janeiro, mas o local exato não foi mencionado. Segundo alguns manifestantes, Cabral está em sua casa de praia, em Mangaratiba.

"É um protesto pacífico, sem ninguém mascarado. Queremos dialogar e cobrar do governador. Ele tem que aparecer. Ele não diz que é aberto ao diálogo?", afirmou o estudante de Direito João Pedro Menezes, 22 anos.

Policiais fecharam a rua Aristides Espínola e cercaram o prédio onde Cabral reside. A Tropa de Choque da PM fez a segurança do local até a madrugada deste sábado, quando se retirou do local. O tráfego na avenida Delfim Moreira no sentido São Conrado estava fechado desde o início da noite de sexta-feira, quando o grupo chegou depois de caminhar desde Ipanema. Os motoristas já têm meia-pista para passar pelo local.

O clima é bastante tranquilo, ao contrário das manifestações que vêm ocorrendo pelo País. A todo instante, carros passam buzinando, mostrando apoio às pessoas que fazem o protesto. Não falta também gente que chega, conversa e aplaude os manifestantes. É o caso da chef de cozinha Wanda Steindorf, moradora do Leblon, que acompanhava e demonstrava aprovação com a atitude do grupo de jovens.

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"Vim ontem, e estou aqui prestigiando de novo. O povo está cansado de tanta corrupção. Os políticos estão com medo do povo", comentou Wanda, que diz desaprovar a gestão de Sérgio Cabral à frente do governo estadual. "Ele é horrível. Sem comentários. Ele não fez nada, só encheu o bolso. Ele não mostra a cara. Ele é o governador desse Estado, não pode se esconder", acrescentou.

Moradora de Ipanema, a professora Márcia Oliveira também demonstrou apoio ao grupo. Ela disse não gostar da postura de Cabral, e cobrou que o governador preste contas de forma mais clara do que faz no governo. "Não gosto do trabalho dele. A gente não sabe o que ele faz", observou.

Maicon Menezes, 24 anos, que também integra o grupo de manifestantes, ressaltou que muitas pessoas têm passado pelo local e doado água e alimentos para o grupo. Ele afirmou que pretende cobrar de Cabral transparência em relação aos gastos com obras da Copa, e em relação aos subsídios dados para que o preço das tarifas de metrô, trens e barcas baixassem. "Quero que ele explique também as relações com a Delta e com o empreiteiro Fernando Cavendish", salientou.

Os manifestantes elogiaram a postura da polícia em relação a eles. João Pedro Menezes classificou a ação do PM como "exemplar", negociando o tempo todo a permanência do grupo em frente à residência de Cabral. "Teoricamente, só poderíamos ficar aqui com ordem judicial. Mas a polícia negociou, e tem sido bastante educada com a gente. Não queremos vandalismo", afirmou.

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Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

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A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

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A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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