No Rio de Janeiro, este domingo, 6, de sol e temperatura de 27°C ao meio-dia foi mais um dia de praias lotadas e desrespeito às regras de isolamento que ainda vigoram na cidade como forma de combater a covid-19. O Estadão circulou pela Barra da Tijuca, na zona oeste, e por Ipanema e Copacabana, na zona sul, e constatou que todas as praias estavam repletas de banhistas, como já havia acontecido no final de semana passado e no sábado, 5, primeiro dia do feriado prolongado.
Permanecer na areia da praia está proibido desde março. A multa para quem desrespeitar a regra é de R$ 107, mas a reportagem não viu nenhuma fiscalização nem flagrou a aplicação de multas. Até sábado, 16.526 pessoas tinham morrido vítimas da covid-19 em todo o Estado do Rio, onde foram registrados 232.747 casos. Os dados são da secretaria estadual de Saúde.
Em Copacabana, nem era preciso chegar à praia para concluir que ela estava lotada: durante a manhã, a porta da estação Cardeal Arcoverde do metrô despejava a cada cinco minutos pelo menos uma centena de banhistas munidos de caixas térmicas, guarda-sóis e cadeiras. Ao longo dos 45 minutos em que a reportagem acompanhou o movimento, das 11h30 às 12h15, aproximadamente a metade das pessoas usava máscara. Os camelôs que ocupavam as calçadas da rua Rodolfo Dantas ao longo dos 150 metros que separam a estação de metrô da areia comemoravam o movimento: "Passei quase seis meses sem vender nada, amigo. Preciso desse movimento pra garantir a sobrevivência", contou o ambulante Emerson Sanches, de 31 anos, que vende balas, amendoins e outras guloseimas a poucos metros da saída do metrô.
"A gente depende desse movimento. Durante a semana o movimento não é ruim, mas a gente consegue ganhar dinheiro mesmo é no sábado, domingo e nesses feriados de sol e calor. Ainda bem que tudo voltou ao normal", disse a dona de um restaurante na rua Rodolfo Dantas. Naquele momento, oito das 11 mesas do estabelecimento comercial estavam ocupadas. Sobre a covid-19, a comerciante foi incisiva: "Não quero nem pensar nisso!"
Em Ipanema, a praia estava até mais cheia que na semana passada. Nas areias, os ambulantes também aproveitavam a lotação deste domingo. Em 30 minutos na praia (das 10h45 às 11h15), a reportagem facilmente identificou vendedores de mate de galão, embora não tenha conseguido encontrar quem vendesse biscoitos de polvilho Globo, tradicional acompanhamento do mate. Os chuveirinhos voltaram a ser instalados pelos donos de barracas, causando fila de espera entre os banhistas.
O Estadão entrou em contato com a Prefeitura do Rio, para questionar o município sobre a falta de fiscalização nas praias, e aguarda um posicionamento.