RJ: Cabral defende ação da polícia contra violência durante protestos

Governador se pronunciou em coletiva de imprensa pela primeira vez desde o início dos protestos, há duas semanas, no Rio de Janeiro e em todo o País

21 jun 2013 - 15h19
(atualizado às 15h55)
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, na primeira manifestação oficial após o início dos protestos
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, na primeira manifestação oficial após o início dos protestos
Foto: Governo do Rio de Janeiro / Divulgação

Sérgio Cabral quebrou o silêncio. Em sua primeira coletiva de imprensa para os jornalistas, o governador (PMDB) do Rio de Janeiro elogiou os manifestantes que saem às ruas para reivindicar mudanças e defendeu a ação da polícia contra os responsáveis por atos de vandalismo durante os protestos no Rio de Janeiro após mais uma noite de mobilização que se transmudou em episódios de violência em todo o País.

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 "Do ponto de vista da ordem pública, em qualquer lugar do mundo, quando há um ato de vandalismo, não há nenhuma causa que justifique. Se começarem a quebrar o seu carro, botar fogo no carro de reportagem, não há nada que justifique isso.", justificou sobre as ações das forças de segurança do Estado, que nos confrontos de ontem, acabaram trazendo um saldo de 62 feridos, de acordo com a secretaria municipal de Saúde.

"No momento em que esse radicalismo aconteceu o Estado foi obrigado a agir. Aconteceram coisas injustas com vocês mesmo da imprensa, o repórter da Globo News levou um tiro de borracha no exercício da profissão. O que ganha a juventude que vai para as ruas de maneira saudável com quebradeira de pontos de ônibus? O que ganha a juventude quebrando o Palácio do Itamaraty? Ela se prejudica", complementou.

Niterói, em mais uma noite de protestos
Foto: AFP

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Sobre eventuais excessos por parte da Polícia Militar, que teve casos como tiros disparados em manifestantes que estavam em frente ao hospital Souza Aguiar, e na região da Lapa, que claramente não estavam, na ocasião, causando tumultos ou depredações, Cabral avaliou que "os que cometem excessos devem ser punidos por isso, de ambos os lados. Ninguém aqui está protegendo a polícia, mas não vai proteger vândalos".

Principal alvo dos grandes protestos que tem ocorrido, sobretudo, no centro da capital fluminense, Cabral lembrou sua alta votação na reeleição de 2010, mas afirmou que, nem assim, seria unanimidade entre a população do Estado.

"Acho que é uma interpretação sua", respondeu para o repórter que fez a pergunta sobre o tema. "Eu não tenho monopólio, nem unanimidade. Isso é democracia. Estou há seis anos e meio no governo. Fui eleito com 66% dos votos, mas existe os outros 34%. Minha luta como democrata é que isso se mantenha no Brasil como patamar crítico", citou ainda.

Grandes eventos

Após a onda de protestos que invadiu as principais capitais do Brasil, além de cidades do interior, a Fifa, entidade máximo do futebol, teria cogitado cancelar o prosseguimento da Copa das Confederações, realizada, simultaneamente em Salvador, Recife, Brasília, Fortaleza, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, palco do jogo final.

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Na capital baiana, inclusive, dois micro-ônibus da Fifa foram atacados por manifestantes com pedras, fato que assustou a delegação da entidade, em frente ao hotel onde estavam hospedados, em Salvador. Por mais que a Fifa tenha se pronunciado nesta sexta-feira de que não existe a possibilidade de cancelamento do torneio intercontinental, Cabral voltou a tocar no tema que vem repetindo desde que o Brasil ganhou o direito de sediar esta competição, e a Copa do Mundo do ano que vem.

Manifestantes tentam derrubar ônibus em Niterói
Foto: AFP

"Eu acredito que o Brasil conquistou um estado de nação perante ao mundo de grandes avanços em termos de estado democrático de direito. Temos condições de garantir os eventos, e de garantir que as manifestações legítimas sejam realizadas de maneira democrática, respeitosa, dentro de um marco civilizatório que o Brasil alcançou", afirmou.

"Quem ganha com desordem e radicalismo? Não é a sociedade, não são os jovens. Não se pode permitir que uma minoria desgaste um movimento tão bonito e positivo, seja favorável às prefeituras, governos de estado e federal. Esse é o ponto central", finalizou.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

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Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

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Fonte: Terra
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