RJ: edifício de Eike Batista é ocupado por famílias sem teto

Prédio de 17 andares está localizado em área nobre e seria transformado em um hotel; PM e empresário negociam saída pacífica

7 abr 2015 - 20h11
(atualizado às 20h27)

O edifício pertencente ao grupo EBX, do empresário Eike Batista, no bairro do Flamengo, na zona sul do Rio, foi ocupado na  madrugada desta terça-feira (7) por famílias que foram expulsas de um terreno da Companhia Municipal de Água e Esgoto (Cedae), na zona portuária do Rio. Nesta tarde, representantes do grupo EBX e policiais militares tentam negociar a saída das famílias do edifício.

<p>Prédio é a antiga sede do Clube de Regatas Flamengo</p>
Prédio é a antiga sede do Clube de Regatas Flamengo
Foto: Luiz Souza / Futura Press

O prédio tem cerca de 17 andares, é a antiga sede do Clube de Regatas Flamengo, está localizado no Morro da Viúva, área nobre do bairro, é um local onde o empresário pretendia implantar um hotel e foi ocupado por cerca de 90 pessoas. De acordo com a Polícia Militar (PM), os policiais perceberam uma movimentação no prédio na madrugada dessa segunda-feira e duas viaturas estão no local para garantir a segurança.

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Para a Associação de Condomínios do Morro da Viúva (Amov), a ocupação não foi uma surpresa e as autoridades tinham sido advertidas no segundo semestre do ano passado. De acordo com a presidente da associação, Maria Thereza Sombra, as autoridades estaduais, municipais e federais não deram importância para os alertas feitos pelos moradores para evitar a ocupação.

"Eu vinha falando que isso ia acontecer. A única coisa que eles fizeram foi colocar esse troço branco em volta da grade para tampar o prédio. Eu pedi uma reunião com o (José Mariano) Beltrame (Secretário de Segurança Pública do Rio) alertando sobre uma possível invasão e disse que isso ia acontecer porque estavam roubando esquadrias", disse.

A presidente da Amov contou que foi feita uma ação para limpar o local e que entrou em contato com o departamento jurídico da EBX, pedindo para ter uma segurança reforçada no prédio. "Eu falei com eles e eles disseram que não precisava. Eu tornei a pedir uma audiência ao Beltrame, comuniquei à prefeitura e nada foi feito", ressaltou Maria Thereza. 

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Dois representantes do grupo EBX, que não se identificaram, foram ao prédio na manhã de hoje e deixaram o local rapidamente. Na saída, eles informaram que a conversa com os ocupantes era para tentar uma saída pacífica, sem a necessidade de intervenção policial.

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O sem-teto Junior Dias disse, desde a saída do prédio da Cedae, o grupo esperava alguma alternativa para não dormir na rua. Ele contou que o grupo EBX prometeu procurar a prefeitura do Rio para buscar uma solução. "Eles falaram que vão ver com o pessoal da prefeitura para ver o que pode fazer pela gente. Eles enganaram a gente e estamos aqui, sem moradia, sem lugar para ir. Estava abandonado e nós resolvemos ocupar isso aqui. Eles prometeram, mas até hoje nada foi visto. Estamos na espera, mas não dá para ficar dormindo na rua, morando na rua a tempo de pegar uma doença e morrer".

A desocupação do prédio da Cedae ocorreu de forma pacífica no dia 23 de março, quando a Polícia Militar cercou o local com o apoio do Batalhão de Choque para cumprir um mandado de reintegração de posse.

Agência Brasil
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