Diante da polêmica em torno dos "rolezinhos", grandes reuniões marcadas por jovens em shoppings, a Juíza Ivone Ferreira Caetano, da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, divulgou nota aos pais e responsáveis para que eles "orientem seus filhos para que não compareçam aos locais onde tais eventos ocorrerão", diante dos "riscos que poderão advir da participação de seus filhos nas reuniões anunciadas".
A juíza considera os fatos ocorridos em Belo Horizonte e São Paulo, onde houve tumulto e repressão policial na semana passada e a diversidade de pessoas envolvidas "com os mais diversos objetivos e intenções".
Em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, a juíza Nathalia Calil Miguel Magluta, da 9ª Vara Cível, indeferiu o pedido de liminar do Plaza Shopping que pretendia proibir o "rolezinho" marcado para este shopping no estabelecimento. No pedido, havia a alegação de que o movimento promove arruaça e tumulto, mas a juíza diz, na decisão, que "nada há no procedimento a justificar a restrição ao direito de reunião e manifestação pacíficas".
A página do evento nas redes sociais já tem cerca de 800 pessoas confirmadas e informa que o evento é pacífico e antirracista. 'Neo-abolicionismo: libertar os negros e seus descendentes de seus últimos grilhões (econômicos, sociais, invisíveis)", diz a página.
Outro pedido de liminar, do Shopping Tijuca, foi negado pela juíza Maria Cristina Barros Gutierrez Slaibi, da 3ª Vara Cível. O "rolezinho" está marcado para este domingo no estabelecimento, segundo a decisão da juíza, porém a página do evento não foi encontrada.
A juíza argumenta que os precedentes de atos violentos em São Paulo não justificam uma proibição no Rio. "Nem quanto ao periculum in mora inverso, procede a pretensão liminar, pois também os jovens têm o direito constitucional de locomoção, a abranger o de circulação, deferido às demais pessoas da sociedade, e não há como, antecipadamente, vetar tal direito pela possibilidade de que dele resultem condutas ilícitas".
Também está marcado para este domingo um "rolezinho" no Shopping Leblon, que já tem quase 9 mil pessoas confirmadas pelas redes sociais.
Os "rolezinhos" ganharam repercussão em todo o Brasil por causa das tentativas dos estabelecimentos comerciais em impedir o ingresso de jovens nos prédios, mesmo que, em alguns casos, nenhum crime fosse cometido. Ontem, a juíza Isabela Pessanha Chagas, da 14ª Vara Cível do Rio de Janeiro proibiu o "rolezinho" marcado para este final de semana no Shopping Leblon.
A decisão da magistrada diverge da assinada pelo juiz Alexandre Eduardo Scsinio, de Niterói, que indeferiu pedido de liminar para impedir o evento no Plaza Shopping. No Estado de São Paulo, o Ministério Público abriu uma frente com cinco promotorias para tentar mediar a relação entre os jovens, o poder público e os donos de shopping centers. A Justiça já vetou ao menos mais um "rolezinho", no Tatuapé, marcado para este fim de semana. No entanto, pelas redes sociais, há encontros marcados para outros locais, incluindo o shopping JK Iguatemi e o Parque do Ibirapuera.