RJ: ONG faz ato contra mortes de crianças por balas perdidas

Com cartazes e um faixa com a frase “A violência está matando as nossas crianças”, pais e parentes de crianças mortas pediram justiça em Copacabana

25 jan 2015 - 13h01
Rio de Paz cobra amparo às famílias de crianças mortas por bala perdida
Rio de Paz cobra amparo às famílias de crianças mortas por bala perdida
Foto: Agência Brasil / Twitter

A organização não governamental (ONG) Rio de Paz, vinculada ao Departamento de Informação Pública da Organização das Nações Unidas (ONU), promoveu na manhã deste domingo ato na Praia de Copacabana, zona sul da cidade, para alertar autoridades e sociedade sobre a violência que está gerando a morte, por balas perdidas, de crianças no Rio de Janeiro.

Com cartazes e um faixa com a frase “A violência está matando as nossas crianças”, pais e parentes de crianças mortas pediram justiça, ao lado de uma cruz de três metros de altura fixada na areia. Coordenador operacional do Rio de Paz,  o dentista Gregório Dotorovici é engajado no movimento desde 2007. Segundo ele, o ato foi solicitado pela família de Larissa de Carvalho, 4 anos, morta por bala perdida no último sábado, em Bangu, zona oeste da capital fluminense.

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“Promovemos o ato para chamar a atenção das autoridades para que amparem famílias que tiveram crianças vitimadas e que se diminua o índice de violência. O registro de 15 crianças é um número considerável no momento”.

A estatística inclui crianças de 2007 até a semana passada. Para Dotorovici, o total seria maior se fossem incluídos adultos mortos por bala perdida, além de crianças e adultos feridos. “É um número bastante alto”. Insistiu que o movimento objetiva, além do amparo às famílias, que as autoridades reduzam o índice de letalidade, aumentem o controle das fronteiras e o desarmamento. “Isso não pode ficar sem nenhum tipo de atitude”.

Outro integrante da ONG, João Luís Francisco dos Santos, afirmou que aqueles que não se comovem com a dor das famílias que perderam filhos por balas perdidas acabam concordando com a situação. “Não é possível ficar parado. Hoje foi com o filho dela, mas poderia ser com o meu”, comentou.

Pais de Kayo da Silva Costa, de 8 anos, morto por bala perdida em outubro de 2013, numa tentativa de invasão ao Fórum de Bangu, Adriano Clemente da Silva e Tiane da Silva participaram da manifestação. Conforme Tiane, atos e passeatas para lembrar crianças mortas por bala perdida contribuem para que elas não caiam  no esquecimento.

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“Tem de ser lembrado, porque não temos mais segurança no Rio. Saímos de casa e não sabemos se nossos filhos voltarão da escola. Não penso mais em ter filhos. Para quê? Para ficar preso dentro de casa? Não podemos mais sair com nossos filhos”. Tiane acrescentou que todo ato ajuda a manter a discussão sobre a falta de segurança no Rio e no país. “Faremos passeatas sempre que pudermos nos unir a outras mães".

Violência contra Crianças

Emocionada, a mãe de Larissa, Milene, chorou abraçada à placa com o nome da filha, onde estavam uma sandália e brinquedos da menina. Milene disse que espera justiça. “Quem fez isso com minha filha não pode ficar impune. Que seja feita justiça. Estava com minha filhinha para me distrair um pouco e veio uma bala e acertou a cabecinha dela. Por que não acaba a corrupção, por que não param de desviar dinheiro da nossa segurança e dos nossos filhos?”, cobrou Milene.

De acordo com Michele de Carvalho Pereira, tia de Larissa, o Rio de Janeiro se uniu esta semana pela dor, pela tristeza. “Hoje, pedimos que o Rio se una pela justiça. O tiro foi dado para o alto. Só vão descobrir o culpado se alguém denunciar, se alguém nas redondezas ouvir e denunciar”.

Michele salientou que não se trata apenas da morte de sua sobrinha, mas de outras crianças. “Isto não pode continuar. Queremos que as autoridades façam o desarmamento, porque a guerra não é só lá fora. O Rio de Janeiro está em guerra há muito tempo”. Amigo da família de Larissa, Wendel Nascimento de Moraes acredita que o ato pode ter efeito positivo. “Esperamos que sim. Esperamos que essa violência acabe, um dia”. 

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Agência Brasil
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