RJ: polícia apreende com manifestantes facões e até bexigas com fezes

16 out 2013 - 16h02
(atualizado às 16h10)
Facões e escudos improvisados foram apreendidos com manifestantes
Facões e escudos improvisados foram apreendidos com manifestantes
Foto: Marcus Vinícius Pinto / Terra

A Polícia Civil do Rio de Janeiro apresentou nesta quarta-feira parte do material apreendido com manifestantes ligados ao grupo Black Bloc durante o protesto pelo Dia dos Professores, na noite de terça-feira. Entre facões, máscaras e barras de ferro, o que chamou a atenção dos policiais foram algumas bexigas preenchidas com fezes, que os manifestantes pretendiam arremessar, segundo as autoridades fluminenses.

Foram apreendidos sinalizadores, bombas de fabricação caseira, pedras, máscaras protetoras contra gás, luvas de boxe, bolas de gude, serrotes, escudos improvisados, estilingue e pedaços de madeira com pregos, entre outros itens. Os policiais apreenderam também bandeiras do movimento Black Bloc, azulejos, latas de tinta em spray, solventes, isqueiros, frascos com vinagre e cabos de guarda-chuva.

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Na noite de terça-feira, o confronto entre mascarados do grupo Black Bloc e a Polícia Militar resultou na detenção de 208 pessoas, de acordo com profissionais da Ordem dos Advogados do Brasil. Um manifestante diz ter sido baleado. O tumulto provocado por pelo menos 100 pessoas teve início cerca de 45 minutos depois que o sindicato dos professores declarou a marcha por encerrada ontem, Dia do Professor.

O grupo respondeu com bombas caseiras ao gás lançado pela polícia e arrancou placas de alumínio, instaladas em prédios públicos, lojas e bancos do centro para evitar danos materiais, utilizando-as como escudo. Um carro e um ônibus da polícia foram incendiados pelos manifestantes, que bloquearam as ruas ateando fogo ao lixo.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

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A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus. A mobilização surtiu efeito e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas – o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. "Essas vozes precisam ser ouvidas", disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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