Após anunciar que os rodoviários iriam descumprir a ordem judicial que permitia que apenas 40% dos ônibus de Manaus aderissem à greve da categoria, o presidente do sindicato que representa a categoria voltou atrás, depois de paralisar a frota por cerca de 40 minutos no centro da capital amazonense.
"Está muito quente e decidimos recuar estrategicamente. Vamos para a sede do sindicato, e lá vamos definir os próximos passos", justificou Givancyr Oliveira, presidente do sindicato dos rodoviários. Segundo o sindicato dos rodoviários a paralisação de 40% da frota será mantida até nova assembleia.
A Justiça determinou multa de R$ 50 mil por hora ao Sindicato dos Rodoviários caso mais de 40% da frota deixasse de circular. Mais cedo, depois de serem recebidos pelo secretário de Governo da prefeitura, Humberto Michilies, os motoristas e cobradores de ônibus decidiram em assembleia paralisar 100% do transporte coletivo.
"Vamos assumir essa multa. Os trabalhadores decidiram paralisar 100%. A prefeitura pensa que somos palhaços ou analfabetos. Nossa luta não é de hoje. Cansamos de acertos de gabinetes. Queremos acordos concretos e na Justiça", disse Givancyr Oliveira, presidente do sindicato dos rodoviários do Amazonas.
A decisão foi tomada após duas horas de conversa com o representante da prefeitura. No final da manhã, os manifestantes fecharam a avenida Brasil, que passa em frente à sede da prefeitura de Manaus. Eles aguardaram a chegada de mais 500 trabalhadores para partir em marcha até a avenida Epaminondas, que foi interditada por pelo menos 30 ônibus.
Os passageiros foram obrigados a sair dos coletivos. Muitos usuários estão revoltados. "Fui tirada de dentro do ónibus. Poxa, não temos culpa do que estão fazendo com os rodoviários, mas quem paga o pato somos nós", reclamou a aposentada Socorro Sampaio.
A polícia tentou convencer os manifestantes a liberarem o trânsito, mas o sindicato se mantinha irredutível. Após o recuo da paralisação, porém, o trânsito no centro foi liberado e os manifestantes dispersaram.
Greve geral
Milhões de trabalhadores prometem cruzar os braços e paralisar serviços fundamentais como bancos, indústria, obras, transporte público e construção civil em várias cidades. Entre as entidades que aderiram a paralisação nacional estão a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), além do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Chamado pelos sindicatos de greve geral, o movimento - que pegou carona na onda de protestos que atingiu diversas cidades brasileiras em junho - é o quarto desse tipo em 190 anos, desde a Independência (7 de setembro de 1822). Em 2013, a novidade é a unificação dos sindicatos e movimentos sociais em uma pauta que cobra o avanço do Brasil.
Veja a lista divulgada pela Força Sindical das cidades que devem participar do dia de paralisações:
ESTADO | CIDADES |
Amazonas | Manaus |
Alagoas | Maceió |
Bahia | Salvador, Itabuna, Alagoinhas, Brumado, Caetité, Jequié, Camaçari, Nazaré, São Roque e Itabuna |
Ceará | Fortaleza |
Distrito Federal | Brasília |
Espírito Santo | Vitória |
Goiás | Catalão e Anápolis |
Mato Grosso | Cuiabá |
Mato Grosso do Sul | Campo Grande |
Minas Gerais | Belo Horizonte e Ipatinga |
Pará | Belém |
Paraná | Curitiba |
Pernambuco | Recife |
Rio de Janeiro | Rio de Janeiro, Volta Redonda e Resende |
Rio Grande do Norte | Natal |
Rio Grande do Sul | Porto Alegre e Região Metropolitana |
Santa Catarina | Florianópolis, Criciúma, Itajaí e Chapecó |
São Paulo | São Paulo, Osasco, Santo André, Guarulhos, São Caetano, Santos, Barretos, Marília, Campinas, Piracicaba, Ribeirão Preto, Franca, Santos, Sorocaba, São José dos Campos, Lorena, Araçatuba, entre outras. |
Sergipe | Aracaju |