Um suposto caso de crime de ódio em Santa Maria, na região Central, pode ter sido forjado. Segundo a Polícia Civil da cidade, o imigrante senegalês Cheikh Oumar Diba, de 25 anos, teria mentido durante o depoimento prestado ainda no dia seguinte ao fato. Conforme a versão inicial, o jovem fora roubado e queimado enquanto dormia em uma calçada, após perder o horário de entrada do albergue municipal.
No entanto, após a investigação, o delegado responsável pelo caso averiguou que os pertences apontados como furtados - R$ 500, bijuteriais e um par de tênis - nunca existiram. O delegado Carlos Alberto Dias Gonçalves disse que "a polícia analisou os depoimentos de todos que estiveram com ele antes e depois dos fatos, além de imagens de câmeras de segurança. Os objetos nunca estiveram em posse dele", disse.
Além disso, Diba também mentiu sobre o local em que dormia. Inicialmente, o senegalês garantiu que pernoitava em uma calçada próximo ao albergue da cidade, mas posteriormente o inquérito descobriu que ele estava alojado em um vagão abandonado na antiga estação ferroviária de Santa Maria. A única questão ainda não elucidada é a origem dos ferimentos.
"Ele está, de fato, machucado. No entanto ainda não temos certeza sobre como as queimaduras tiveram origem", afirmou Gonçalves. Após passar por atendimento hospitalar, Diba foi encaminhado para a Serra gaúcha, onde está acolhido pela Associação de Senegaleses de Caxias do Sul.
Vaquinha foi cancelada
Um grupo de santa-marienses criou uma vaquinha virtual para arrecadar fundos e assim ajudar o imigrante. No total, cerca de R$ 10 mil já foram arrecadados, que seriam usados para custear a passagem de volta ao Senegal, já que o imigrante não quer mais ficar no Brasil. Após a descoberta dos novos fatos envolvendo o caso, os organizadores decidiram encerrar a campanha e doar o que já foi arrecadado para outras instituições. A Associação de Senegaleses já foi comunicada e garantiu que entende a decisão.