RS: em meio a greve de ônibus, governo e prefeitura trocam farpas

31 jan 2014 - 12h54
(atualizado às 13h23)
<p>Grevistas bloquearam a entrada de garagem  impedindo a saída de ônibus </p>
Grevistas bloquearam a entrada de garagem impedindo a saída de ônibus
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press

Enquanto a população sofre com a falta de ônibus provocada pela greve dos rodoviários, que completa cinco dias nesta sexta-feira, a prefeitura de Porto Alegre e o governo do Estado do Rio Grande do Sul trocam farpas por meio de notas oficiais e declarações no Twitter.

Na manhã de hoje o prefeito de Porto Alegre José Fortunati (PDT) disse em coletiva de imprensa que precisaria da "segurança pública" para colocar os ônibus nas ruas  -  por conta de depredações -  enviando ofício ao comando da Brigada Militar (PM local), além de ter pedido ajuda da Força Nacional.

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"Isto é fundamental, hoje está mais do que claro. Para que nós consigamos colocar ônibus nas ruas, nós precisamos da segurança pública. E quem faz a segurança é a Brigada Militar. Já entramos com a ação. Oficiei o comandante da Brigada Militar. Como não obtive resposta até poucos minutos atrás, estou entrando com representação junto ao TRT. Primeiro, para que solicite que a Brigada Militar cumpra com o seu papel e, segundo, para agendar uma nova audiência de conciliação ainda hoje", disse o prefeito de Porto Alegre.

Poucas horas depois, o governo do Rio Grande do Sul divulgou uma nota oficial negando que tivesse recebido algum ofício pedindo atuação da PM, além de adiantar uma resposta que deveria ser dada pelo governo federal sobre a atuação da Força Nacional, na qual fala até de "regime de exceção".

"As ações da Brigada Militar, relativamente aos piquetes dos trabalhadores, devem ser orientadas por ordem judicial e não por determinação do Comando da Brigada ou do secretário de Segurança, pois isso seria extravasar a competência constitucional da corporação e transformar um conflito coletivo do trabalho numa questão política de Estado, como ocorria nas épocas do regime de exceção... A Força Nacional só pode ser convidada a atuar no Rio Grande do Sul pelo governo do Estado, não por prefeituras. Não há nenhuma necessidade de atuação da Força Nacional no Rio Grande do Sul nas atuais circunstâncias", diz trecho da nota divulgada.

Enquanto os governantes se comunicavam pela imprensa, a cidade continuava sem ônibus. Na manhã de hoje foi descumprida uma trégua firmada entre os rodoviários e empresários no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, que determinava que 50% deveriam operar, com o serviço voltando à normalidade a partir de sábado, por um prazo de 12 dias, enquanto as negociações eram retomadas.

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Na reunião de ontem, os empresários se mostravam irredutíveis, e diziam que só voltariam a negociar caso os rodoviários voltassem ao trabalho. Desde o começo de 2013 as empresas têm reclamado de prejuízos milionários após uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul verificar inconformidades no cálculo tarifário, baixando o valor da passagem.

Agravo da situação

O relatório só deve ser votado no dia 12 fevereiro, mas desde os primeiros dias de janeiro a prefeitura dizia que não aumentaria o valor da passagem até que o TCE finalizasse a auditoria. A situação que ficou ainda pior com o dissídio dos rodoviários concedido no começo do ano, o que motivou a greve mediante a negativa dos empresários em conceder o aumento pedido.

Junto a isso, o sindicato dos rodoviários demonstra um claro racha interno. Uma parte é acusada de ceder a pressões do empresariado, enquanto a outra teria relação com setores e partidos políticos mais radicais que estariam procurando ganho político com a situação.

Mas as duas partes tem em comum a falta de representatividade e liderança do movimento grevista. Logo após a audiência no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, os representantes dos grevistas que estiveram no encontro foram vaiados por quase duas centenas de trabalhadores, quando comunicaram sobre o que havia sido acordado.

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O resultado disso, é que na manhã de hoje os corredores de ônibus de Porto Alegre amanheceram mais uma vez vazios, enquanto o usuário paga mais caro por transporte clandestino, ou anda quilômetros para chegar ao trabalho.

Fonte: Terra
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