Um grupo de moradores de Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre, fez um protesto na noite da última quarta-feira e bloqueou a RS-040, uma das principais vias de acesso à capital gaúcha, durante duas horas. Eles acusam a empresa de ônibus Viamão de diminuir o número de linhas após um corte de R$ 0,10 no preço das tarifas. As informações são da RBS TV.
A principal queixa dos moradores é que a empresa deixou de fazer a ligação direta entre as vilas da cidade e o bairro Santa Isabel, principal divisa com Porto Alegre. A prefeitura de Viamão rebateu as críticas, dizendo que as linhas foram otimizadas e que ninguém deixará de ser atendido, mas reconheceu que ajustes precisam ser feitos no novo sistema. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instalada na Câmara de Vereadores da cidade para investigar o transporte público. Em janeiro, uma licitação no transporte coletivo municipal deve ser feita.
Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus. A mobilização surtiu efeito e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas – o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.
A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. "Essas vozes precisam ser ouvidas", disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.