RS: polícia indicia 6 por vandalismo em protesto contra aumento de ônibus

No tumulto ocorrido em março, secretário de Coordenação Política e Governança, Cesar Busatto, foi agredido por manifestantes

3 jun 2013 - 20h08
(atualizado às 20h13)
Segundo testemunhas, manifestantes tentaram invadir o prédio e foram impedidos pela Guarda Municipal e pela Tropa de Choque da PM
Segundo testemunhas, manifestantes tentaram invadir o prédio e foram impedidos pela Guarda Municipal e pela Tropa de Choque da PM
Foto: Diogo Sallaberry/LLPhoto Press / Futura Press

A Polícia Civil deve enviar nesta terça-feira à Justiça o inquérito que apurou a depredação de viaturas e do prédio da prefeitura de Porto Alegre ocorrida no dia 27 de março, durante protesto contra o aumento na tarifa de ônibus na capital gaúcha. Ao todo, seis pessoas serão indiciadas (quatro homens e duas mulheres): uma responderá por lesão corporal, duas por danos ao patrimônio público, e as outras três por falso testemunho.

Segundo a delegada Carmen Kátia Regio, titular da 17ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre e responsável pelas investigações, a polícia chegou à identificação dos suspeitos após a análise de imagens do tumulto, que resultou em agressões ao secretário municipal de Coordenação Política e Governança, Cesar Busatto, e à quebra de janelas e de uma porta do prédio. "Primeiro, usamos como base imagens obtidas pela Guarda Municipal, que tem uma câmera fixa na frente da prefeitura. Depois, a gente pediu também as imagens das redes de TV para ajudar na identificação", disse a delegada.

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Com o primeiro suspeito identificado, os policiais passaram a monitorar as redes sociais para apontar outras pessoas que pudessem ter colaborado com a ação. "Com base numa pessoa já identificada e posterior pesquisa nas redes sociais, chegamos a vários indivíduos. Eles foram intimados, prestaram depoimento, e há elementos suficientes para o indiciamento", relatou Regio.

De acordo com a delegada, três testemunhas acabaram indiciadas por terem, segundo a polícia, tentado obstruir a elucidação dos fatos. "Elas foram ouvidas como testemunhas e se negaram a falar, omitiram alguns fatos, e a gente entendeu que havia prática de falso testemunho", completou.

A delegada tratou de esclarecer que o inquérito policial não tem como objetivo "criminalizar" a manifestação dos movimentos sociais que levou a Justiça a determinar a suspensão do aumento no transporte coletivo. "Em momento algum a gente buscou criminalizar movimento social ou qualquer manifestação. Tão somente foi instaurado inquérito policial para apurar o delito de dano ao patrimônio público. A manifestação pacífica, (transcorre) sem problema algum", declarou.

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Protestos reúnem milhares em Porto Alegre

Desde 2012, diversos protestos contra o aumento da tarifa de ônibus foram realizados na capital gaúcha. As manifestações tomaram mais força a partir do dia 25 de março, quando entrou em vigor a medida que reajustou a passagem de R$ 2,85 para R$ 3,05. No dia seguinte, um protesto fechou duas das principais avenidas de Porto Alegre por cerca de três horas: a Ipiranga, sentido centro-bairro, nas proximidades da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), e a Bento Gonçalves, no bairro Agronomia, próximo ao campus da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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No dia 27, ocorreu o protesto que resultou no inquérito policial concluído nesta segunda-feira. Na ocasião, houve confronto entre estudantes e policiais militares em frente à prefeitura. Pelo menos uma pessoa ficou ferida e outra foi presa durante a manifestação, que reuniu cerca de 300 pessoas. Segundo o relato de testemunhas, os manifestantes tentaram forçar a entrada no prédio e foram impedidas pela polícia, que reagiu com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. O secretário municipal de Coordenação Política e Governança Local, Cézar Busatto, tentou falar com os manifestantes, mas foi atingido com tinta. Durante o tumulto, foram quebradas várias janelas do prédio.

No dia 1º de abril, pelo menos 5 mil pessoas paralisaram o centro da cidade em uma passeata pacífica que percorreu as principais ruas. Cinco dias depois, o juiz Hilbert Maximiliano Akihito Obara, da 5ª Vara da Fazenda Pública, concedeu liminar suspendendo o aumento da tarifa, que foi acatada pela prefeitura de Porto Alegre. Desde então, voltou a vigorar o valor antigo (R$ 2,85).

Fonte: Terra
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