O projeto do passe livre sancionado nesta quarta-feira pelo governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), beneficiará cerca de 50 mil estudantes do Estado, segundo estimativa do governo. Anunciado durante as manifestações de junho, o projeto condiciona as duas passagens gratuitas por dia à comprovação de renda per capita familiar inferior a 1,5 salário mínimo. A previsão é que parte dos estudantes comecem a receber o benefício em outubro.
Segundo o governo do Estado, dos 50 mil estudantes, 20 mil são transportados pelo sistema público e 30 mil, pelo sistema privado (ônibus fretados). O Executivo reunirá, nos próximos 30 dias, um grupo para estudar como colocar em prática do projeto.
O maior desafio é implantar o sistema nos ônibus privados. “É um pouco mais complexo, porque vamos ter que fazer um edital chamando os municípios a se habilitarem. Nossa ideia é, a partir da semana que vem, já chamar os grupos de trabalho para garantir a execução”, disse o secretário da Casa Civil, Carlos Pestana.
O projeto de lei do passe livre foi anunciado durante as manifestações de junho pelo governador Tarso Genro, que enviou a matéria em regime de urgência para a Assembleia Legislativa. Sem consenso entre deputados, o governo acabou recuando na pressa pela votação do projeto.
Antes da assinatura da sanção da lei, o governo do Rio Grande do Sul exibiu, em um telão instalado no Palácio Piratini, imagens das manifestações de junho, intercaladas com um discurso em que Tarso prometia tornar-se o “porta voz” do passe livre. Estudantes selecionados na porta da sede do Executivo em uma lista de presença aplaudiram a assinatura da lei, cantando um dos gritos ecoados durante os protestos deste ano.
Em seu discurso, Tarso classificou a lei como uma conquista das ruas e já se defendeu de eventuais críticas. “Tem que ser um burguês muito frívolo para achar que não é uma conquista, mas é uma grande conquista”, disse.
O governo do Estado destinará R$ 16 milhões para garantir a gratuidade do transporte aos estudantes, sendo R$ 8 milhões para o passe livre e R$ 8 milhões para os convênios com os municípios para transporte privado.
Corte de renda
Para o secretário da Casa Civil, Carlos Pestana, a condição de declarar renda per capita de 1,5 salário mínimo para receber o passe livre não reduziu o alcance do programa.
"O corte de renda é, de um ponto de vista, elevado: R$ 1 mil por pessoa. Se tem quatro pessoas na família, é uma renda de R$ 4 mil; não é uma renda tão baixa", disse.
Pestana também lembrou, que o primeiro projeto de lei, sugerido no fim de junho, previa apenas a inclusão de estudantes que usam o sistema privado. "Nós acrescentamos agora a parte do sistema privado, que tem algo em torno de 30 mil estudantes", estimou.