Um projeto de lei que tramita na Câmara de Vereadores de Porto Alegre quer instituir o 11 de maio como Dia Municipal de Reggae, como forma de lembrar a lenda do estilo o jamaicano Bob Marley que morreu nessa data, em 1981, e de promover a cultura negra e de periferia.
A ideia é implantar em Porto Alegre uma data que já existe em âmbito nacional e aplicar diretrizes e políticas definidas pela Secretaria Especial de Políticas da Igualdade Racial. O autor da proposta, vereador Delegado Cleiton (PDT), conta que escutou reggae na adolescência nas vozes do próprio Bob Marley e de Peter Tosh, mas rejeita qualquer associação que possa ser feita com o consumo de maconha. A estrela jamaicana era adepta da religião rastafari, que considera a erva sagrada pelas suas propriedades medicinais e religiosas.
“Não tem nada a ver, é sobre a cultura, com as letras que falam das lutas de minorias, não tive medo nem pensei muito nisso, e olha que eu sou delegado de polícia, mas é um dos paradigmas, ainda mais porque hoje está sendo discutida a questão (da descriminalização) e tem que ser colocado em debate porque existe esse movimento que fala em liberação, e é uma coisa que nós temos que debater. Combati muito isso, e ainda acho que é a porta e entrada de outras drogas, mas confesso que ando muito pelas periferias e converso muito com jovens e vejo que existe esse movimento”, diz o vereador do alto da experiência de quem combateu o tráfico na prática. “Não podemos tapar o sol com a peneira”.
Mas de volta ao projeto de lei, o delegado Cleiton afirma que a ideia surgiu de uma demanda apresentada por artistas, “tocando nesse assunto da divulgação de uma cultura mais fortemente negra”, conta.
Ele afirma ainda que Porto Alegre possui um movimento próprio e forte de artistas de reggae já que não tem tanta ligação com o Nordeste, onde o ritmo é mais popular.
“É forte aqui (o reggae) temos uma cultura que parece que está mais para o Nordeste... mas tem uma associação, chamada Sindicato do Reggae, no qual o pessoal trabalha com a produção e gravação de talentos locais, é algo bem forte e sólido, mas como tem um pouco do preconceito não se dá as oportunidades”, avalia.