A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) reafirmou nesta segunda-feira que o abastecimento de água está garantido até março de 2015, com autorização e obras para utilização de uma "segunda cota" da reserva técnica do Sistema Cantareira.
A segunda cota, de 106 bilhões de litros, da reserva técnica - também chamada de "volume morto" - pode elevar o nível do sistema em 10,7 pontos percentuais, quando começar a ser utilizada.
O Cantareira é o principal conjunto de reservatórios de água da região metropolitana de São Paulo e exibe nesta segunda-feira nível de 8%, já considerando a utilização da primeira cota do volume morto, iniciada em meados de maio. A primeira cota "adicionou" 182,5 bilhões de litros ao sistema.
O volume morto é a porção de água que fica empoçada abaixo do nível de captação das comportas das represas e que precisa ser bombeada dos reservatórios para chegar a estações de tratamento.
O Estado de São Paulo enfrenta em 2014 a pior crise hídrica dos últimos 80 anos. Temperaturas mais altas que a média do início do ano aliadas com chuvas fracas do período não recuperaram as represas para o atual período do inverno, quando a pluviosidade normalmente é significativamente menor.
Segundo a Sabesp, as obras para a captação da segunda cota do volume morto estão prontas e ela "será utilizada se houver necessidade".
O pedido para utilização de cerca de mais 100 bilhões de litros foi feito ao Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) do Estado de São Paulo julho. Na época, o nível das represas do sistema era de 17%.
O governo Geraldo Alckmin, candidato à reeleição, tem preferido adotar medidas que têm evitado decretação de rodízio de água generalizado na região metropolitana, porém várias cidades do interior paulista, como Bauru e Mauá, estão decretando racionamento de água.
"Na remota hipótese de não chover uma gota na próxima estação chuvosa, está garantido o abastecimento, no mínimo, até março de 2015, quando estará consolidado o próximo período de chuvas", disse a Sabesp em nota, sem informar se há garantia de que a próxima estação chuvosa ficará dentro da média histórica.
Segundo dados da Sabesp, o volume útil do Sistema Cantareira se esgotou em 12 de julho. Na sexta-feira, a Agência Nacional de Águas (ANA) decidiu deixar o Grupo Técnico de Assessoramento para a Gestão do Sistema Cantareira (GTAG-Cantareira). O grupo foi criado diante da crise hídrica vivida pelo Estado e inclui o DAEE, Consórcio PCJ e Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, além de representantes da Sabesp.