Saiba quem é a dentista com mais de 650 mil seguidores presa por deformar rostos de pacientes

Hellen Matias foi acusada por ao menos 10 pessoas, vítimas de má conduta da dentista

31 jan 2024 - 11h44
(atualizado às 13h03)
Hellen Matias usava redes sociais para promover procedimentos estéticos
Hellen Matias usava redes sociais para promover procedimentos estéticos
Foto: Reprodução/Instagram

A dentista Hellen Kacia Matias Silva foi presa por suspeita de deformar pacientes ao fazer procedimentos estéticos e até cirurgias, sem estar apta para realizá-los. O caso aconteceu em Goiânia, e segundo a Polícia Civil, ela usava as redes sociais para divulgar os serviços. Seu perfil profissional possui mais de 650 mil seguidores atualmente.

O Terra procurou a defesa de Hellen, mas não obteve retorno. O espaço continua aberto para manifestação.

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O Conselho Regional de Odontologia de Goiás (CRO-GO) informou, por meio de nota, que não tinha

conhecimento da operação realizada pela Polícia Civil de Goiás, que levou ao mandado de prisão preventiva da cirurgiã-dentista, investigada por supostamente realizar procedimentos estéticos que resultaram em deformações nos rostos de pacientes.

"O CRO-GO tomou conhecimento da prisão preventiva da investigada através de noticiários

veiculados pela mídia local. Informamos ainda que as medidas administrativas pertinentes estão sendo tomadas pelo CRO-GO, obedecido o devido sigilo aplicável ao caso. Por fim, o órgão se coloca à disposição da PCGO e da população para os esclarecimentos que se fizerem necessários", diz a nota.

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O registro profissional de Hellen continua ativo, mesmo após a prisão, em Goiás. Ela é registrada no CRO-GO como cirurgiã-dentista com especialidade em harmonização orofacial.

Cirurgias estéticas ilegais

Hellen Kacia Matias Silva foi presa na terça-feira, 30, após a polícia reunir evidências de que ela deformou o rosto de pacientes fazendo cirurgias estéticas. Os procedimentos são proibidos de serem realizados por dentistas, conforme o Conselho Federal de Odontologia, sendo eles: alectomia (redução do nariz); retirada de pele excessiva dos olhos (blefaroplastia); lipo de papada (face lifting) e outros.

O perfil profissional de Hellen possui mais de 290 posts com fotos de pacientes
Foto: Reprodução/Instagram

A investigação começou em setembro de 2023 após denúncias de que a dentista e outros três médicos estavam exercendo a medicina ilegalmente. A Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon) passou a apurar o caso.

Os procedimentos anunciados nas redes sociais de Hellen eram ofertados com valor abaixo do mercado. São 297 publicações com vídeos e fotos que mostram resultados de procedimentos em pacientes. Nas legendas dos posts, a dentista fala em “valorizar a beleza” e “rejuvenescimento”, por exemplo.

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Mais de 10 mulheres relataram terem sido vítimas da dentista
Foto: Divulgação/Polícia Civil de Goiás

Hellen também usava a internet para vender cursos em que ensinava técnicas de procedimentos estéticos a profissionais da saúde, mas as técnicas só poderiam ser feitas por cirurgiões plásticos, como no caso do face lifting.

A Polícia Civil encontrou clientes insatisfeitos com os procedimentos feitos por pessoas que fizeram os cursos de Hellen, durante a investigação.

Pacientes deformados

Em novembro de 2023, um mandado de busca e apreensão foi cumprido na clínica de  Hellen, onde a polícia apreendeu celulares, prontuários de pacientes e materiais cirúrgicos. Em um dos celulares, foram encontradas mensagens de pacientes relatando terem ficado com seus rostos deformados após as cirurgias com a profissional e seus alunos.

A polícia colheu declarações de 13 vítimas e de ex-funcionários de Hellen, que relataram que a mulher não aceitava críticas ao seu trabalho. Os depoimentos colhidos até agora confirmaram a realização das cirurgias proibidas em local inadequado (fora do ambiente hospitalar).

A polícia encontrou no celular da dentista mensagens de clientes insatisfeitas com os procedimentos cirúrgicos
Foto: Divulgação/Polícia Civil de Goiás

A Polícia Civil informou ainda que, na primeira fase da operação, foram encontrados diversos instrumentos cirúrgicos, anestésicos e medicamentos vencidos na clínica de propriedade da investigada. Os materiais foram apreendidos e descartados pela Vigilância Sanitária, que também autuou a dentista por infrações administrativas, dentre elas, a inadequação do alvará sanitário do estabelecimento, que não autorizava a realização de nenhum procedimento invasivo.

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Após a apreensão do celular utilizado pelo estabelecimento para contactar os pacientes, os policiais civis descobriram inúmeros casos de consumidores que ficaram com rostos deformados após a realização de cirurgias com a profissional e/ou com seus alunos.

Em post nas redes sociais, Hellen aparece fazendo procedimento estético em paciente
Foto: Reprodução/Instagram

Além da prisão preventiva, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão nos municípios de Goiânia e Santa Bárbara de Goiás, em endereços ligados à investigada.

Conforme investigação, o instituto coordenado pela profissional, localizado no Setor Oeste, em Goiânia, foi alvo de busca e apreensão em um inquérito instaurado para apurar os crimes de exercício ilegal da profissão (art. 282, do Código Penal) e execução de serviço de alta periculosidade (art. 65 do Código de Defesa do Consumidor).

Fonte: Redação Terra
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