Um homem de 42 anos é investigado por pelo menos dez homicídios ocorridos no período de um ano em Maceió (AL). Albino Santos de Lima está preso desde setembro, confessou oito mortes e é considerado o maior serial killer do Estado. De acordo com a reportagem exibida pelo Fantástico, na noite deste domingo, 17, a Polícia Civil encontrou selfies dele em frente à lápide de algumas de suas vítimas.
Albino é ex-segurança terceirizado do Sistema Penal do Estado de Alagoas e filho de um policial militar aposentado. Das dez vítimas em que as investigações o apontam como autor, três deles são de homens e outros sete de mulheres. Todas elas têm características parecidas.
“As mulheres eram todas com o perfil muito semelhante: morenas, jovens e, geralmente, de cabelo cacheado. E dentre elas, tinha uma mulher trans, também com esse mesmo perfil físico", afirma o delegado Gilson Souza.
Arma e imagens ajudaram a chegar no suspeito
A polícia identificou que todos os mortos tinham perfurações de um tipo específico de munição. Como cada arma produz um tipo de “ranhura”, essas marcas --uma espécie de DNA balístico-- ajudaram a identificar que os projéteis encontrados nos dez casos analisados até o momento tinham o mesmo tipo, o que leva a polícia a acreditar que era o mesmo criminoso que havia cometido os homicídios.
As imagens de câmeras de monitoramento, onde o suspeito aparece do mesmo jeito, depois das 22h, usando roupas pretas e de boné para esconder o rosto, também ajudaram a identificá-lo.
Em 17 de setembro, foi cumprido um mandado de prisão preventiva na casa onde ele morava com o pai, bem como um mandado de busca e apreensão. No local, a polícia apreendeu a arma e o celular do suspeito. "Ele não reagiu, ficou tranquilo. Fizemos a busca na residência do pai dele, onde ele morava, e lá a polícia localizou a arma de fogo, uma pistola 380", afirma a delegada Tacyane Ribeiro.
A arma foi encaminhada para a Polícia Científica, que comparou as munições encontradas no local do crime e no corpo das vítimas com o armamento apreendido, e confirmou a suspeita das autoridades.
"A gente já viu todo tipo de caso, mas um caso seriado como esse, de até o presente momento dez vítimas identificadas, foi a primeira vez", aponta Charles Almeida, diretor do Instituto de Criminalística da Polícia Científica.
‘Predador’
Para a polícia, ele já era o autor, mas com a análise do celular dele, foram encontradas mais provas. O aparelho foi formatado antes da apreensão, mas credenciais de contas dele foram recuperadas, e arquivos foram encontrados.
Ele tinha três pastas específicas: 'Odiadas Instagram', 'mortes especiais' e 'prints reportagens'. Em alguns casos, ele chegou a ir até o cemitério e tirou selfies nas lápides das vítimas que fazia. Albino também marcava no calendário a data de cada um dos crimes.
"Os peritos encontraram no celular dele fotografias de indivíduos que ainda estão vivos, mas que seriam vítimas em especial. [...] É um predador, assassino em série, frio, calculista", afirma o delegado Souza.
Segundo Tacyane Ribeiro, o suspeito não demonstra nenhum tipo de arrependimento pelos crimes.
Suspeito alega que vítimas era de facções, mas polícia nega
Albino prestou depoimento na semana passada, no qual confessou oito dos dez crimes. Ao ser questionado se tem envolvimento no crime de uma das vítimas, afirma que sim. Quando à motivação, ele alega: "Ela também é de facção. Todos são traficantes, todos são de facções".
No entanto, as investigações mostram o contrário. "Nenhuma delas tem envolvimento com facções criminosas”, diz Souza. Por as vítimas terem uma certa semelhança, uma das hipóteses é que ele tenha sido rejeitado por alguém parecido com elas.
"A gente acredita que ele, de repente, poderia ter alguma obsessão por essas jovens, com características bastante semelhantes. E de repente, ter sofrido algum tipo de rejeição, e por isso, ter ceifado a vida delas", reforça a delegada Tacyane.
Em depoimento, ele confirmou que monitorava as vítimas pelas redes sociais. "Eu comecei a ter conhecimento dele através do Instagram. Eu comecei a fazer investigação por conta própria", revelou. “Futuramente, eu iria começar a fazer outros planejamentos e outras execuções”.
A polícia afirmou ao Fantástico que poderá reabrir alguns casos ocorridos anteriormente. "Nós acreditamos que esse número pode aumentar significativamente. Nós vamos reabrir, inclusive, alguns inquéritos sobre homicídios ocorridos em 2019 e 2020, onde há uma forte probabilidade de ele ter envolvimento. Então, na verdade, pode ser somente a ponta de um iceberg", afirmou Souza.
Os crimes investigados até o momento são do período de um ano, em um raio de 850 metros de onde ele morava. Pelo menos outros oito assassinatos podem ter envolvimento de Albino. Por enquanto, o assassino confesso foi indiciado por homicídio qualificado em três casos.
A defesa dele alega que Albino é sociopata. "A cabeça dele é de uma pessoa doente, de um sociopata. E esse vai ser o caminhar da minha defesa visto que ele tem direito, mesmo sendo um serial killer, em ficando-se confirmado, ele tem o direito a defesa", finalizou o advogado Geoberto Bernardo de Luna.