Cerca de 300 pessoas, a maioria servidores do judiciário, protestaram no final da tarde desta sexta-feira em Porto Alegre contra o pagamento do auxílio-moradia de R$ 4,3 mil a juízes, promotores e desembargadores. Eles marcharam do centro da cidade em direção ao prédio do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS). Ao comentar a manifestação, o presidente do conselho de comunicação da corte, desembargador Túlio Martins, disse que a motivação era política, além de dizer que “ninguém ali ganha pouco”.
“Os salários de funcionários públicos que ganham bem, sempre é uma pauta antipática, assim como é falar dos salários dos juízes e, evidentemente, dos servidores do judiciário. Ninguém ali ganha pouco”, afirmou o desembargador ao comentar sobre a manifestação.
De acordo com os sindicalistas o pagamento do auxílio-moradia dos juízes e desembargadores, terá impacto de R$ 14 milhões só em 2014. O judiciário alega que o valor despendido será de aproximadamente R$ 10 milhões. Segundo o Sindicato dos Servidores, os recursos estão sendo retirados do orçamento destinado para obras de modernização e adequação dos prédios do judiciário.
Manifestantes com faixas, narizes de palhaço e apitos participavam da manifestação condenando o benefício requerido pelos magistrados, e citando falas de um juiz paulista que alegou, em entrevista, que precisava do benefício para comprar ternos e tirar férias no exterior por conta do estresse da profissão, além de reclamarem do salario mínimo.
O secretário de imprensa do Sindicato dos Servidores do Judiciário, Fabiano Zalazar, afirma que o impacto anual do pagamento do auxílio-moradia deve passar de R$ 40 milhões. “Isso tem um impacto no nosso plano de carreira, que é uma luta de anos, além da reivindicação pela reposição salarial”, afirmou, reclamando ainda da contratação de mais de 1,3 mil pessoas em cargos comissionados com salários que chegam a mais de R$ 10 mil, frente a um total de 6,2 mil concursados.
Dos mais de 800 magistrados do judiciário gaúcho, apenas 50 não fizeram o requerimento para receber o auxílio-moradia, sendo que apenas quatro declararam que não tem intenção de fazê-lo.
“A gente recebe como uma pauta política apenas, uma série de providência estão sendo tomadas pela administração em relação a alguns pleitos dos servidores... temos o plano de cargos e salários que está sendo feito”, disse o desembargador Túlio Martins, negando que não haja diálogo com a categoria.
Sobre o impacto da medida no orçamento, ele alega que o benefício é fruto de uma decisão liminar que deve ser cumprida, por isso está sendo acomodada no orçamento da forma que é possível.
“É uma decisão liminar que tem que ser cumprida, se fosse o pagamento de auxílio-moradia para servidores, seria cumprido da mesma maneira, e está se fazendo mês a mês pequenos ajustes, cortando onde pode, e nós veremos depois qual será a orientação dada pelo presidente (do TJ-RS, José Aquio Flôres de Camargo) em relação ao ano que vem, mas não temos orçamento no qual seja fácil se acomodar qualquer amento de despesas”, disse.