Sobe para 22 número de pacientes que denunciam médica por golpe do falso laudo de câncer

A dermatologista Carolina Biscaia está sendo investigada por falsificar laudos de câncer e cobrar pela remoção dos supostos tumores

18 mar 2024 - 21h40
(atualizado às 23h38)
Resumo
Uma médica de Pato Branco, no interior do Paraná, é suspeita de usar resultados falsos de exames para cobrar por procedimentos de retirada de tumores falsos. Vinte e dois pacientes denunciaram a dermatologista.
A médica dermatologista Carolina Biscaia
A médica dermatologista Carolina Biscaia
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Após o início das investigações da Polícia Civil do Paraná (PCPR), subiu de nove para 22 o número de pacientes que denunciaram a médica Carolina Biscaia por falsificar laudos de câncer de pele. A dermatologista, que atuava em Pato Branco, no interior do Paraná, é suspeita de usar resultados falsos de exames para cobrar por procedimentos para extração de câncer que não existe.

O advogado André Luiz Hamera, que representa três pacientes vítimas da médica, afirma que tem conhecimento de apenas um que não precisou de um procedimento invasivo para remover o falso tumor. "No restante das 22, todas as pessoas tiveram que se submeter a procedimento. Seja para retirada, então, do suposto tumor, do suposto câncer na perna, no rosto, nas costas, enfim, foram várias", afirma ao Terra.

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Um dos pacientes teria desembolsado R$ 13 mil para a remoção do suposto câncer, detalha o delegado Helder Andrade, da Polícia Civil. "Algumas vítimas foram lesionadas, tanto fisicamente quanto monetariamente. Algumas pagaram R$ 10 mil, R$ 5 mil, chegou vítima a pagar R$ 13 mil, dependendo dos procedimentos que foram realizados".

Ainda segundo o advogado, até o momento, o primeiro registro encontrado de fraude seria de meados de dezembro de 2023. Os primeiros pacientes a denunciarem notaram que os laudos que receberam da clínica de Carolina Biscaia tinha algumas falhas de visualização. Então, eles procuraram o laboratório onde o exame havia sido feito e constataram que não era o mesmo resultado.

"O laudo apresentado pela médica e o laudo encaminhado pelo laboratório, pelo laudo oficial, eles eram completamente divergentes. Comunicado o laboratório, o laboratório foi muito claro e falou: 'Não, esse laudo que a clínica está encaminhando não é nosso, não tem nada a ver com o nosso laboratório'", explica Hamera. Daí, surgiu a suspeita de fraude.

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Como médica atuava

A investigação mostrou que as vítimas procuravam a médica para consultas dermatológicas e eram informadas de que algumas pintas presentes no corpo tinham características de câncer. Assim, era retirada uma amostra para ser examinada no laboratório de patologias.

Na sequência, a médica informava a necessidade da paciente retornar ao consultório, em virtude de o laudo de exame constatar que a vítima estaria com câncer. Em uma nova consulta, ela mostrava um laudo que indicava a presença da doença e realizava o procedimento de ampliação de margens, cobrando os valores pertinentes.

A Polícia Civil do Paraná realizou, no fim do mês passado, uma operação de busca e apreensão tendo como alvo a médica Carolina Biscaia. "Foram recolhidos computadores, celulares e também diversos documentos no consultório médico, que agora estão a cargo da perícia. Nós estamos aguardando o laudo pericial para juntar todas as evidências e encaminhar para o Poder Judiciário e o Ministério Público para a continuidade do procedimento", disse à época o delegado Helder Andrade.

Segundo o advogado André Luiz Hamera, o inquérito policial ainda não foi finalizado. Os pacientes também entraram com uma ação no âmbito judicial, na Comarca de Pato Branco, para pedir reparação e ressarcimento monetário.

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O Terra entrou em contato com a Dermatto Clínica, onde a médica atende, e não obteve retorno até o momento. A defesa da médica também foi procurada, mas ainda não retornou. O espaço segue aberto para manifestações.

O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) disse, em nota, que irá instaurar procedimento sindicante para apurar denúncia de possível desvio ético cometido pela médica. O trâmite ocorre sob sigilo.

Fonte: Redação Terra
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