Os reajustes na tabela do Imposto de Renda e no Bolsa Família anunciados nessa quarta-feira pela presidente Dilma Rousseff (PT) arrancaram críticas sobre suposto uso eleitoral da máquina pública disparadas por seus dois principais adversários no pleito de outubro, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).
Os dois participaram nesta quinta-feita da festa do 1º de Maio promovida pela Força Sindical no Campo de Bagatele, zona norte de São Paulo.
Em cadeia nacional de rádio e TV, Dilma criticou a oposição sobre uma suposta tentativa de desqualificação da Petrobras e anunciou a correção da tabela do Imposto de Renda em 4,5% e o reajuste de 10% no Bolsa Família para todos os 36 milhões de beneficiários. A petista ainda salientou a "luta pelo emprego e pela renda" de sua gestão e defendeu a manutenção de uma "política de valorização do salário mínimo".
Para Aécio, Dilma "protagonizou um momento patético da vida pública brasileira". "Ela utilizou o instrumento de Estado, a cadeia de rádio e televisão, para fazer proselitismo político", disse.
Para o tucano, as medidas anunciadas pela presidente já eram bandeiras defendidas pelo PSDB. "No momento em que ela fala em correção na tabela do IR, outra demanda nossa, omite os números: o reajuste de 4,5% não atende os índices inflacionários de 6%", declarou Aécio, que sublinhou: "O discurso seguiu a orientação de seu marqueteiro, ao querer se apropriar de um sentimento extremamente amplo que é o de uma sociedade que quer mudanças".
Recebido no evento com menos histeria que a da chegada do senador mineiro --que deixou o local chamado várias vezes de "presidente" --, o governador licenciado do Estado de Pernambuco reclamou do discurso de Dilma o atrelando à política de combate à inflação do governo federal.
"O fato de a presidente anunciar aumento no Bolsa Família, na verdade, é uma medida que vem tentar reparar as perdas da inflação que ela mesma deixou - que é uma inflação em aceleração nos alimentos e que retirou das famílias o poder de compra", destacou Campos. "Precisamos conter a inflação e ter um governo que pense de maneira estratégica nessa situação de baixo crescimento, inflação em alta e juro alto", disse.
Pelo governo federal, estiveram presentes ao evento da Força Sindical o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias --que teve uma recepção fria e com algumas poucas vaias lançadas pela platéia -- e o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Eles não falaram com a imprensa.