O 2º ato contra o aumento das tarifas de integração dos ônibus com o sistema de trilhos e dos bilhetes mensal e diário reuniu cerca de cem pessoas no centro de São Paulo na noite desta quinta-feira. Seis catracas de papelão foram queimadas em frente à Prefeitura de São Paulo. O aumento foi barrado pela Justiça.
O principal alvo do protesto foi o prefeito João Doria (PSDB), que tomou posse no último dia 1º de janeiro. Na campanha, ele prometeu que não haveria aumento no preço das tarifas dos ônibus no primeiro ano de mandato. Mas assim que assumiu, autorizou o reajuste acima da inflação nas integrações (em conjunto com o governador tucano Geraldo Alckmin, seu padrinho político) e nos bilhetes mensal e diário.
O ato começou na Estação da Luz, região central de São Paulo e percorreu as avenidas Tiradentes, Ipiranga e rua Barão de Itapetininga. A chuva, que atingiu a cidade de São Paulo durante toda a tarde e a decisão da Justiça, que barrou o aumento, acabou esvaziando o movimento.
A Polícia Militar acompanhou todo o protesto, mas não houve qualquer tipo de intervenção. Depois do protagonismo em 2013, quando desencadeou os protestos de rua que levaram a grandes manifestações pelo país, o Movimento Passe Livre (MPL) tem perdido força.
A decisão de Doria, de manter a passagem nos atuais R$ 3,80 pode gerar um custo extra à municipalidade de até R$ 1 bilhão em subsídios às empresas de ônibus.
Para cumprir a promessa, Doria não mexeu no preço da tarifa básica. A decisão do prefeito acabou colocando o governo do Estado, de seu padrinho político Geraldo Alckmin (PSDB), em uma situação difícil. Com o caixa apertado pela crise, Alckmin também teve de manter a tarifa do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos em R$ 3,80.
Mas para aliviar as contas, em conjunto, os dois chegaram à solução que foi barrada pela Justiça: decidiram elevar os preços das integrações dos ônibus com o sistema de trilhos acima da inflação. A mesma lógica foi utilizada para reajustar o preço dos bilhetes temporais, como o Bilhete Único Mensal e o Diário.
Uma liminar barrou o aumento, mas alegando não ter sido notificado, o governo paulista fez valer a nova tabela, que durou dois dias, até que o Tribunal de Justiça de São Paulo decidisse pelo veto, estendido para o reajuste dos ônibus metropolitanos que Alckmin também havia anunciado.
O presidente do TJ-SP, desembargador Paulo Dimas de Bellis Mascaretti, afirmou em sua decisão que “a redução do desconto que beneficiava significativa parcela dos usuários do transporte público metropolitano, em especial aqueles que utilizam o sistema integrado (…), não foi devidamente justificada".