SP: ato termina com vandalismo de mascarados e inércia da PM

Protesto organizado pelo MPL terminou com concessionária e bancos depredados por mascarados; PM agiu quando grupo dispersou, quase 3h depois, e agrediu jornalistas

19 jun 2014 - 20h57
(atualizado em 20/6/2014 às 02h49)
<p>A PM só chegou próximo da manifestação e focos de quebra-quebra quase três horas após a saída dos manifestantes</p>
A PM só chegou próximo da manifestação e focos de quebra-quebra quase três horas após a saída dos manifestantes
Foto: Alan Morici / Terra

Atos de vandalismo contra agências bancárias e uma concessionária de veículos de luxo sem qualquer tipo de intervenção por parte da Polícia Militar marcaram uma manifestação contra a Copa do Mundo e pela tarifa zero do transporte coletivo, organizada pelo Movimento Passe Livre (MPL) nesta quinta-feira, em São Paulo. Ninguém foi preso. Por outro lado, houve episódios de truculência policial contra profissionais da imprensa.

A proposta do MPL era encerrar o ato com uma "festa popular" na marginal Pinheiros. Bandeirinhas de festa junina foram penduradas, e os manifestantes chegaram a "pular fogueira" com catracas de papelão em chamas. Também foram improvisadas partidas de futebol e houve declamação de poemas e apresentação de rap. A festa, no entanto, terminou com a depredação da concessionária Mercedes-Benz, na marginal, praticada por mascarados.

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A PM só chegou próximo do foco de quebra-quebra quase três horas após a saída dos manifestantes, às 16h20, da Praça do Ciclista, na avenida Paulista. Durante todo o trajeto até a marginal Pinheiros, mascarados que estavam entre os manifestantes depredaram bancos e tentaram apedrejar uma concessionária da Chevrolet, mas foram contidos por membros do MPL. Nenhum PM acompanhou o ato ao lado dos manifestantes -o monitoramento foi feito à distância-, ao contrário de protestos anteriores que chegaram a reunir até 2 mil policiais para grupos de 1 mil a 1.500 manifestantes.

Ato do MPL, que começou em clima de batucada na Paulista, teve bonecões de Alckmin e Haddad
Foto: Alan Morici

A Tropa de Choque e a Força Tática da PM apareceram apenas por volta das 19h10 nas proximidades da concessionária depredada, quando os mascarados já haviam dispersado -eles se espalharam pelas ruas do bairro de Pinheiros. Os policiais fizeram uma varredura na região, mas não encontraram ninguém.

Após a ação frustrada, os PMs do choque se concentraram na esquina da avenida Brigadeiro Faria Lima com a rua Chopin Tavares de Lima. Visivelmente irritado, um dos policiais pediu que a imprensa se afastasse da tropa e agrediu dois jornalistas com empurrões pelas costas – a repórter Janaina Garcia, do Terra, e um fotógrafo da agência Getty Images identificado apenas como Fernando.

PM responsabiliza MPL por vandalismo

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À noite, em entrevista coletiva, a Polícia Militar de São Paulo responsabilizou o MPL pela depredação de agências bancárias e dana marginal Pinheiros.

De acordo com o comandante do policiamento na capital, coronel Leonardo Torres Ribeiro, o MPL enviou ontem ao secretário de Segurança Pública do Estado, Fernando Grella, um documento no qual pedia que a PM se mantivesse afastada do ato. No documento, o MPL afirma que entende que “os movimentos sociais devem ter autonomia para promover sua própria segurança”.

“Acompanhamos à distância, respeitando o manifesto e o anseio do Movimento Passe Livre”, disse o coronel Pinheiro. “Atribuímos, sim, ao MPL a responsabilidade por essa depredação. Eles que formalizaram esse pedido de afastamento da Polícia Militar”, completou.

A PM admitiu que pode ter demorado na ação, já que a Tropa de Choque só se deslocou para as proximidades da marginal cerca de três horas depois das ações de vandalismo, e com imagens da depredação na avenida Rebouças já captadas pelo helicóptero Águia.

“Não fomos ingênuos (em confiar no MPL). A demora foi no deslocamento do efetivo que estava nas proximidades, se é que isso pode ser chamado de demora”, disse o coronel.

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Câmeras registram atos de vandalismo durante protesto em SP
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Também na entrevista coletiva, o comandante do Policiamento no Centro, coronel Celso Luiz Pinheiro, negou que a corporação tenha errado. Ele citou que, desde junho de 2013, quando começaram os atos do MPL, foram cerca de mil manifestações na capital, de modo que em 24 houve quebra da ordem pública. Em 20 delas, disse, havia black blocs.

Representantes do MPL foram procurados pelo Terra após as declarações da PM, mas disseram ter sido informados sobre elas pela reportagem. O movimento ficou de se pronunciar a respeito.

Fonte: Terra
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