O secretário estadual de Saúde David Uip anunciou, na manhã desta quarta-feira, que irá liberar R$ 3 milhões para que o pronto-socorro da Santa Casa de São Paulo volte a funcionar nas próximas horas. Além disso, Uip disse que irá exigir a abertura das contas do hospital para verificar como está sendo feita a gestão da instituição. De acordo com o secretário, o provedor da Santa Casa Kalil Rocha Abdalla ainda não aceitou a proposta e iria consultar os fornecedores. A pasta condiciona a liberação de novos recursos, além dos R$ 3 milhões, à abertura das contas.
O pronto socorro da Santa Casa foi fechado na tarde de ontem com o argumento de que há falta de materiais básicos como seringas, agulhas, luvas e gesso. De acordo com Abdalla, a dívida do hospital no setor de atendimento é de R$ 50 milhões.
Uip exemplificou e disse que é possível que a Santa Casa esteja sendo mal gerida. “A Santa Casa recebe, por exemplo, para fazer dez cirurgias e produz sete. A pergunta é onde estão essas três cirurgias? Não estamos suspeitando de nada, porque gerir um hospital é muito difícil. Estamos prudentemente dizendo que essa auditoria tem tom colaborativo”, afirmou. “Ele diz que precisa de R$ 32 milhões por mês, mas estamos mostrando que eles têm R$ 34 milhões”.
De acordo com o secretário da Saúde é obrigação do Estado fazer essa auditoria, que envolverá os governos federal, estadual e municipal. Segundo Uip, os governos estadual e federal pagaram R$ 414 milhões à Santa Casa e a produção dos procedimentos médicos foi de R$ 155 milhões.
“Temos que avaliar a gestão da Santa Casa de São Paulo. Vamos criar uma auditoria nas contas. Essa auditoria, com o objetivo de auxiliar a gestão, vai ter os três interessados da gestão objetivando clarear e solucionar. Essa auditoria quer entender a gestão. Os recursos vão ser repassados o quanto for necessário a partir do momento que forem apontados pela auditoria”, explicou Uip.
Ele afirmou ainda que apesar de ser financiada pelos cofres públicos, a Santa Casa pode não aceitar a proposta. Porém, ele acredita que Abdalla cederá e abrirá as contas.
“Se a Santa Casa falar ‘não vou abrir’, eu não tenho o poder de abrir. Estou fazendo uma proposta. Estamos com um plano de contingência pronto caso não queira abrir, mas não acredito que isso irá acontecer porque acredito no bom senso das pessoas. Esperamos que a Santa Casa faça as auditorias, que é uma coisa formal”, disse.
De acordo com Uip, a abertura das contas vem sendo pedida há algum tempo, mas agora terá a presença de todas as partes envolvidas. Segundo o secretário, a dívida total da Santa Casa de São Paulo chega aos R$ 400 milhões e o governo do Estado irá exigir um projeto de reestruturação dessa dívida.
“O que estamos vendo na Santa Casa de São Paulo reflete o que acontece em todas as Santas Casas do País. Queremos avaliar folha, custeio, desperdício, produção, etc. Vamos auxiliar com isso. Somos experientes nesse sentido. É um problema de gestão e financiamento. Não é um braço de ferro. Isso tem como objetivo atender a população que precisa. Não é uma luta de quem é mais forte. É uma proposta de unir esforços para resolver o problema. Ele diz que fecharia e nós estamos dizendo que ele tem que abrir as contas”, completou.