SP: Metrô avalia reduzir limpeza e desligar escadas rolantes

Companhia anunciou que não vai pagar parte das remunerações este mês; houve queda de 65% de passageiros na pandemia

25 jul 2020 - 05h11
(atualizado às 09h23)

O Metrô de São Paulo decidiu não pagar parte do salário dos metroviários neste mês por causa de uma crise de caixa que se arrasta desde o começo da pandemia do coronavírus. Como reação, os funcionários da empresa decidiram marcar uma greve para a próxima terça-feira, caso não haja um acordo sobre pagamento até a véspera.

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Foto: Divulgação/MP-SP

A Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos vem tentado há dois meses um aporte para a operação da empresa, mas até ontem não havia obtido auxílio da Secretaria Estadual do Planejamento. Ambos os órgãos estão sob responsabilidade da gestão João Doria (PSDB). O Metrô já renegociou contrato de energia, que move os trens, a maior conta da empresa e avalia até ter de reduzir contratos de limpeza, item essencial durante a crise, segundo o Estadão apurou. Escadas rolantes devem ser desligadas e banheiros públicos - onde os passageiros podem lavar as mãos - podem ser fechados.

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Entre janeiro e junho, o Metrô teve redução de R$ 730 milhões em sua receita. Em 2019, neste período, as entradas haviam sido de R$ 1,54 bilhão. Em 2020, com uma queda de 65% no número de passageiros, a receita foi de R$ 812 milhões, segundo dados do Portal da Transparência. No momento, a operação acumula um prejuízo superior a R$ 365 milhões.

A decisão sobre o corte de salário foi informada aos funcionários na noite de quinta-feira, por uma mensagem enviada pelo e-mail corporativo. O texto afirma que "o salário do mês de julho será processado no dia 31 de julho com redução de 10%". A diferença será paga, diz o texto, "tão logo haja receita", sem fixar uma data.

Os metroviários são a única categoria do funcionalismo paulista que terá atraso salarial. A categoria vinha em uma negociação trabalhista por melhorias mas, até agora, o Metrô havia evitado a greve. Com o atraso de pagamento, os metroviários fizeram assembleia ontem e decidiram pela paralisação.

A empresa não recebe auxílio direto do governo porque, formalmente, não é uma estatal. É uma empresa de economia mista que faz parte da administração indireta. Nessa condição, pode nomear comissionados, por indicação política, com salários superiores ao teto do funcionalismo sem que haja ilegalidade - há metroviários com salário acima dos R$ 30 mil.

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Esforços

Por nota, a empresa confirmou o corte, mas não respondeu a uma série de questionamentos da reportagem . "Todos os esforços do Metrô continuam em prol da manutenção dos empregos", diz o texto.

A gestão Doria também não respondeu perguntas feitas pelo Estadão sobre o tema. Em nota, disse que "tem agido de forma responsável para garantir o pleno funcionamento de todos os serviços" e espera "apoio federativo" para o transporte.

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