Terminou ao meio-dia desta quarta-feira a paralisação de motoristas e cobradores do transporte coletivo rodoviário na cidade de São Paulo. O ato, iniciado às 10h, fechou todos os 29 terminais administrados pela São Paulo Transportes (SPTrans) e foi realizado para cobrar mais segurança à categoria.
O estopim foi o incêndio a um ônibus da viação Santa Brígida, no último dia 18, na Vila Jaraguá (zona norte de SP). O motorista do veículo, John Carlos Soares Brandão, teve mais de 70% do corpo queimado, não resistiu e morreu. A Secretaria de Segurança Pública do Estado informou que quatro pessoas, maiores de idade, foram presas pelo ataque e serão indiciadas por homicídio doloso (ou seja, intencional) e incêndio.
A paralisação duraria quatro horas, mas foi negociada pelo Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores Rodoviários Urbanos (Sindmotoristas) com a SPTrans e a Secretaria de Segurança Pública do Estado para que acontecesse até o meio-dia --uma vez que a faixa das 10 às 12h é a de menor movimento no transporte coletivo.
Sindicato fala em "radicalizar"
No discurso de encerramento da paralisação, o presidente do Sindimotoristas, Valdevan Noventa, afirmou que a categoria vai “radicalizar” caso os ataques a ônibus prossigam e se o poder público não tomar providências para evitá-los.
Indagado em entrevista coletiva sobre o que seria a radicalização, o sindicalista definiu: "Paralisações em tempo integral".
"Contamos com que a população entenda esse recado que estamos dando; a responsabilidade é de todos. Quem taca fogo em ônibus é a população, e isso prejudica e coloca a vida em risco não apenas dos trabalhadores (do transporte coletivo), mas dos próprios passageiros", disse. "Não existe isso de se premeditar uma paralisação, mas se amanhã houver fogo em ônibus, vai haver paralisação."
Comissão vai estudar casos de incêndios
Ainda segundo Noventa, amanhã o sindicato apresentará à SSP uma lista de nomes de trabalhadores do sistema para comporem uma comissão dentro da pasta. O objetivo, disse, é propor e estudar medidas que tentem coibir os ataques incendiários.
Entre as sugestões já repassadas à SSP estão a criação de um disk-denúncia específico para os casos de incêndio a ônibus, bem como o oferecimento de recompensas a quem contribuir com informações que ajudem a polícia chegar aos criminosos.
Em nota, a SSP informou que a comissão que será criada vai "buscar soluções conjuntas para os ataques criminosos a coletivos". "O grupo de trabalho será formado por representantes dos sindicatos dos trabalhadores e empresários, além das Polícias Civil e Militar. A SPTrans e a Guarda Civil Metropolitana também serão convidadas", diz a nota. A portaria de criação será publicada no Diário Oficial do Estado até esta sexta.