O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou na manhã desta segunda-feira, em São Paulo, que ainda este mês, Prefeitura e Governo do Estado deverão, em parceria, iniciar uma ação na região da Cracolândia, no centro de São Paulo. O modelo será baseado em uma experiência exitosa na Holanda, que prevê trabalho, moradia e tratamento de saúde para os viciados.
"Estamos tratando isso como um problema de saúde. Nós não vamos tratar com violência. Nós temos de aprender com o passado. Não podemos repetir os erros que já foram cometidos. Vamos afastar qualquer tipo de abordagem higienista no local", disse Haddad.
O prefeito disse que foram realizadas conversas preliminares com lideranças dos bairros da região central da cidade e que na semana passada se encontrou com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) para tratar sobre o tema.
"Há um mês as equipes estão interagindo para voltar à região de maneira civilizada, dando alternativa para aquelas pessoas. Vamos adotar um programa muito parecido que é feito hoje na Holanda, de inspiração canadense, de oferecer, pela própria prefeitura, trabalho para aquelas pessoas", disse ele.
A ideia é criar oportunidades na zeladoria da cidade, como o cuidado em praças, recolhimento de materiais recicláveis e outros serviços. "Vamos dar a oportunidade da pessoa obter o tratamento, entrar em uma frente de trabalho (...) Essas pessoas terão apoio, nem que seja um quarto digno para se acomodar e sair da rua. Nós vamos oferecer as condições. A grande maioria das pessoas da Luz, da rua Helvétia, são egressos do sistema prisional e não tem perspectiva de vida. Tiveram suas famílias desmanteladas. São pessoas que têm grande dificuldade de ressocialiação", afirmou o prefeito.
Apesar de a inspiração vir do programa holandês, Haddad disse que a versão final do programa será um modelo adaptado às necessidades de São Paulo. "A Holanda tem um bom programa. Estamos estudando esse programa. Estamos estudando as duas experiências (canadense e holandesa) para fechar um modelo paulistano de enfrentamento da situação", disse.
Na visão de Haddad, a situação vivida hoje precisa mudar. "Aquela região não pode ficar como está. Esse pacto já está selado. Agora estamos nos detalhes operacionais. Para alocá-los, oferecer uma possibilidade de renda e nos casos mais graves, o tratamento que o Estado está oferecendo, com 500 leitos. Queremos entrar em janeiro. Queremos fazer dessa maneira, inteiramente nova. A cidade não quer mais conviver com aquilo", disse ele.