SP: protestos bloqueiam rodovia Régis e região do M' Boi Mirim

19 jun 2013 - 10h17
(atualizado às 14h30)
Protesto contra o aumento da tarifa de transporte público bloqueia vias na região do M' Boi Mirim, na zona sul de São Paulo, na manhã desta quarta-feira
Protesto contra o aumento da tarifa de transporte público bloqueia vias na região do M' Boi Mirim, na zona sul de São Paulo, na manhã desta quarta-feira
Foto: Luiz Claudio Barbosa / Futura Press

Pelo menos duas cidades de São Paulo - Taboão da Serra e capital - registram protestos pela redução da tarifa do transporte público nesta quarta-feira. Desde o início da manhã, manifestantes bloquearam vias e reivindicam redução no valor da passagem e melhores condições para o setor. 

Na região de Taboão da Serra, a rodovia Régis Bittencourt, principal ligação entre o Sul e o Sudeste do País, foi interditada nos dois sentidos por volta das 9h30, na altura do km 270, por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Segundo a assessoria de imprensa da Autopista, concessionária que administra a rodovia, as pistas foram liberadas às 10h05.

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Manifestantes interromperam o fluxo na Estrada do Campo Limpo enquanto se dirigiam ao terminal
Foto: Inês dos Santos Lima / vc repórter

Cerca de 300 pessoas participaram do protesto. O pico de congestionamento na região foi de três quilômetros. Os manifestantes tinham saído em passeata da avenida Francisco Morato, na zona sul da cidade de São Paulo e tomaram as pistas da estrada formando uma barreira. Depois, o grupo seguiu, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), em direção ao terminal do Campo Limpo, passando pela Estrada do Campo Limpo.

Na capital, o protesto ocorre na região de M' Boi Mirim e da avenida Guarapiranga, na zona sul da cidade. A CET recomenda que os motoristas e usuários evitem a área. A movimentação dos manifestantes começou por volta das 7h e, por volta das 10h, eles interditavam totalmente a Estrada do M' Boi Mirim junto à avenida Guarapiranga.

Segundo o coordenador da Periferia Ativa, Gilson Alves Garcia, a pauta de reivindicação é ampla. Eles pedem, além da diminuição da tarifa, a duplicação da avenida M' Boi Mirim, a extensão do metrô até os bairros da periferia e melhoria das condições do transporte coletivo

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Os manifestantes foram rececidos pelo subsecretário Antônio Carlos Dias de Oliveira. Ainda hoje, os líderes do movimento devem ser recebidos pelo secretário de transporte, Jilmar Tatto. Segundo Guilherme Simões, no encontro na subprefeitura ficou definido que será criada uma comissão com líderes dos movimentos sociais para discutir periodicamente os principais problemas da região. Ele defendeu mais atenção ao transporte público na periferia. "Estamos pedindo, além do (fim) do aumento nas passagens, melhorias no transporte. Aqui é uma das regiões mais precárias de São Paulo", disse.

Os manifestantes foram recebidos na Subprefeitura de M' Boi Mirim
Foto: Fabricio Bomjardim / vc repórter
Confronto

O protesto se manteve pacífico durante a maior parte. Porém, uma confusão teve início após um homem tentar agredir uma mulher. Segundo o tenente da PM Galindo, esse homem, ainda não identificado, foi responsável pelo grande tumulto. Pedras foram jogadas contra o prédio da subprefeitura e houve tentativas de derrubada dos portões. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) usou gás de pimenta e cassetete para conter a confusão.

Vanessa de Souza, representante do MTST, disse ter visto duas mulheres serem agredidas. "Ele tomou as faixas e bateu nelas. O povo se revoltou e começou a empurrar o homem para a grade. Daí, ele mostrou a carteira de Guarda Civil Metropolitana e o povo ficou revoltado, sacudiu a grade", relata.

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Uma dessas mulheres era a cobradora Fabiana Alves. "Ele bateu em mim e na minha sobrinha. Na hora que ele puxou o cabelo dela para dar um soco, ela escorregou e eu caí por cima, puxando a blusa dele. Aí o pessoal começou a tumultuar, bater nele, foi a maior confusão. Antes, estava pacífico, todo mundo dando seus gritos de ordem. Sou cobradora de ônibus, vim porque não acho justo os R$ 3,20 e o meu salário não aumenta", reclamou.

O tenente Galindo informou que o homem detido não portava os documentos e ainda não foi feita a sua identificação. Segundo o tenente, o homem tem vários ferimentos no rosto, mas sem gravidade. Ele será encaminhado para o 92º DP.

Cenas de guerra nos protestos em SP

A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em cenários de guerra.

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Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, prédios, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.

Veja a cronologia e mais detalhes sobre os protestos em SP

Mais de 250 pessoas foram presas durante as manifestações, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. A mobilização ganhou força a partir do dia 13 de junho, quando o protesto foi marcado pela repressão opressiva. Bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela Polícia Militar na rua da Consolação deram início a uma sequência de atos violentos por parte das forças de segurança, que se espalharam pelo centro.

O cenário foi de caos: manifestantes e pessoas pegas de surpresa pelo protesto correndo para todos os lados tentando se proteger; motoristas e passageiros de ônibus inalando gás de pimenta sem ter como fugir em meio ao trânsito; e vários jornalistas, que cobriam o protesto, detidos, ameaçados ou agredidos.

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As agressões da polícia repercutiram negativamente na imprensa e também nas redes sociais. Vítimas e testemunhas da ação violenta divulgaram relatos, fotografias e vídeos na internet. A mobilização ultrapassou as fronteiras do País e ganhou as ruas de várias cidades do mundo. Dezenas de manifestações foram organizadas em outros países em apoio aos protestos em São Paulo e repúdio à ação violenta da Polícia Militar. Eventos foram marcados pelas redes sociais em quase 30 cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.

As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011. Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40.

O prefeito da capital havia declarado que o reajuste poderia ser menor caso o Congresso aprovasse a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para o transporte público. A proposta foi aprovada, mas não houve manifestação da administração municipal sobre redução das tarifas.

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Colaboraram com esta notícia os internautas Fabricio Bomjardim e Inês dos Santos Lima, de São Paulo (SP), que participaram do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Agência Brasil
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