SP: secretário diz que ação da PM que baleou manifestante foi 'correta'

Fernando Grella Vieira, da Segurança Pública, afirma que, em tese, houve legítima defesa dos policiais

27 jan 2014 - 15h14
(atualizado às 17h54)
Cartazes foram afixados em frente à Santa Casa de São Paulo, onde algumas pessoas fazem vigília
Cartazes foram afixados em frente à Santa Casa de São Paulo, onde algumas pessoas fazem vigília
Foto: Dario Oliveira / Futura Press

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, afirmou na tarde desta segunda-feira que a ação dos dois policiais militares que balearam um manifestante no último sábado, na capital paulista, foi legítima e que eles atuaram em legítima defesa. 

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Fabrício foi baleado na área central de São Paulo na noite de sábado, durante o protesto contra a Copa do Mundo no Brasil. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP), ele foi atingido ao resistir à prisão e tentar esfaquear um policial militar.

O secretário disse que não se pode considerar manifestante quem porta estiletes, explosivos, bolinhas de gude e outros instrumentos que servem para agressão. "A polícia vai intervir com firmeza sempre que envolver quebra da ordem", afirmou.

Fabrício Proteus Nunes, 22 anos, foi baleado quando tentava fugir de dois policiais. Imagens mostram que, em determinado momento, ele se volta contra um deles e o ameaça com um objeto, que a polícia afirma ser um estilete.

De acordo com o delegado Luciano Pires, do 4º Distrito Policial, que registrou o caso, os dois policiais atiraram. "Atirou o que estava caído e o outro, que estava em pé.”

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Grella defendeu os policiais com base nas imagens apresentadas, gravadas pelo circuito de segurança de um prédio do bairro de Higienópolis, local em que ocorreu a ação. "As imagens mostram uma agressão que justificaria a legítima defesa".

Grella defendeu a ação dos policiais no último sábado
Foto: Vagner Magalhães / Terra

O secretário apresentou fotos de objetos que teriam sido apreendidos nas mochilas de Fabrício e de outra pessoa que estava com ele. A garantia de que os objetos pertenciam a eles, segundo Grella, é dos policiais que estiveram na ação. "A polícia tem fé pública.”

Grella disse que se alguém tiver elementos de que houve uma fraude, ela será investigada. "Não são objetos próprios de quem quer participar de uma manifestação.”

Ele disse ainda que o socorro da vítima por parte da polícia foi dentro das normas. "O socorro é possível de ser feito sempre que o resgate demore a chegar. Foi o que aconteceu", afirmou.

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O secretário lembrou que os policiais flagrados sem o uso de identificação nas manifestações serão "punidos exemplarmente". "Se não está usando, está descumprido o regulamento. A lei não permite", disse. 

Comandante da PM também defendeu ação policial

O comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, Benedito José Meira, afirmou na manhã desta segunda-feira, em entrevista à rádio CBN, que o PM que baleou Fabrício agiu em “legítima defesa”. 

Meira afirmou que a posição do comando da Polícia Militar neste momento é baseada na análise de imagens de câmeras de segurança que mostram a abordagem dos policiais ao estudante, e também no relato dos PMs envolvidos. "A ação está respalda no direito penal como legítima defesa. Seria diferente se o policial tivesse feito 10, 12 disparos no rapaz. Pelas informações que tenho, pelas imagens, ele não tinha outra forma de reagir que não com a arma de fogo", disse. 

Vídeo mostra momento em que PM invade hotel em São Paulo
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Questionado sobre a ação da PM na detenção de um grupo de manifestantes no hotel Linson, na rua Augusta, Meira afirmou que “bandidos” se infiltram nos protestos e agem durante a noite cometendo atos de vandalismo. Ele justificou o uso de balas de borracha para conter o que considera vandalismo.

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"O único instrumentos que temos para restabelecer a ordem, em determinadas situações, para impedir vandalismo, para impedir que policiais sejam agredidos, é a bala de borracha”, afirmou o comandante da PM. 

A Polícia Civil e a Corregedoria da PM analisam a ação de policiais durante o protesto. De acordo com Meira, qualquer manifestante que diga ter sido agredido será ouvido e o caso investigado. 

Fonte: Terra
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