Boate Kiss: presidente de associação ainda crê na ida do Papa a Santa Maria

Programação da visita do religioso ao Brasil, anunciada nesta terça-feira, contempla somente Rio de Janeiro e Aparecida (SP)

7 mai 2013 - 15h12
(atualizado às 15h13)
<p>Incêndio na Boate Kiss que matou 241 pessoas ocorreu no dia 27 de janeiro em Santa Maria</p>
Incêndio na Boate Kiss que matou 241 pessoas ocorreu no dia 27 de janeiro em Santa Maria
Foto: Daniel Favero / Terra

Quando o incêndio da boate Kiss completou dois meses, no dia 27 de março, o presidente da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Adherbal Ferreira, anunciou a intenção de trazer o Papa Francisco à cidade para um ato ecumênico. Por isso, quando a programação do religioso em julho no Brasil foi oficialmente anunciada pelo Vaticano nesta terça-feira, não houve como esconder a decepção. Mas Ferreira ainda não entregou os pontos.  

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“A esperança é a última que morre. Se a gente não tentar, não consegue nada. Se ele realmente não vir para Santa Maria e disser que foi convidado e vai deixar para uma outra oportunidade, já será um grande acalanto para os nossos corações”, disse Ferreira.

O motivo principal da vinda do Papa ao Brasil é a Jornada Mundial da Juventude, que será no Rio de Janeiro, em julho. “Estava caindo de maduro para o Papa vir a Santa Maria, no Ano da Juventude. Na tragédia, mais de 90% das pessoas que morreram eram jovens”, opinou Ferreira.

A intenção da associação em trazer o Papa a Santa Maria ganhou força depois do encontro da presidente Dilma Rousseff com o religioso no Vaticano, no dia 20 de março, quando ele manifestou seu sentimento sobre o que aconteceu na Boate Kiss. Outro incentivo para a AVTSM foi o fato de o Papa já ter vivido o sofrimento de uma tragédia em Buenos Aires, na Argentina, quando houve o incêndio da boate Cromagnon, em 30 de dezembro de 2004, que resultou na morte de 194 pessoas.

A associação convidou oficialmente o Papa a vir a Santa Maria em julho por meio de faxes e e-mails enviados ao Vaticano. Também receberam mensagens para que tentassem, entre outros, o arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, o arcebispo metropolitano de São Paulo, cardeal dom Odilo Scherer, e o núncio apostólico no Brasil (uma espécie de embaixador do Vaticano), dom Giovanni D’Aniello.

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Na programação divulgada pelo Vaticano, o Papa chegará ao Rio de Janeiro no dia 22 de julho. A única saída prevista da capital fluminense é no dia 24, quando ele viajará de helicóptero até Aparecida (SP), onde irá celebrar uma missa no Santuário Nacional da padroeira do Brasil. O religioso voltará ao Rio no mesmo dia e ficará na cidade até o dia 29 de julho, quando deixará o País.    

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou 241 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

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Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas. 

Imagens mostram início do incêndio na Boate Kiss
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Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

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Fonte: Especial para Terra
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