"Prefeito deveria estar do meu lado", diz ex-sócio da Kiss

Elissandro Spohr falou por cerca de dez horas na tarde desta terça-feira

2 dez 2015 - 08h12

Após quase dez horas encerrou no fórum de Santa Maria o depoimento de Elissandro Spohr, ex-sócio e um dos réus no caso da boate Kiss. Kiko, como era conhecido, falou das 13h48 até 22h34 de terça-feira (1), respondendo aos questionamentos tanto do juiz quanto das defesas e da promotoria. O salão do júri, onde os depoimentos do caso da boate estão sendo realizados desde o início, ficou lotado: a fila foi longa para conseguir um lugar nas cadeiras do espaço.

Elissandro Spohr, ex-sócio e um dos réus no caso da boate Kiss, prestou depoimento no Fórum de Santa Maria (RS)
Elissandro Spohr, ex-sócio e um dos réus no caso da boate Kiss, prestou depoimento no Fórum de Santa Maria (RS)
Foto: Ananda Muller/Especial para o Terra

A fala de Spohr era uma das mais aguardadas até o momento. Entre inúmeras negativas, o réu afirmou que não tinha conhecimento de procedimentos referentes à pirotecnia na casa noturna. O ex-sócio da Kiss, no entanto, confirmou que a banda que ele próprio tinha à época do incêndio se apresentou na casa noturna com show de fogos. Segundo ele, o serviço era um complemento do espetáculo e foi contratado à parte.

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Sobre o relato dos integrantes da banda que se apresentava na noite da tragédia, de que ele sabia e apoiava o procedimento envolvendo fogos de artifício, Kiko negou veementemente. A respeito do sócio, Mauro Hoffmann, o acusado reiterou que “não participava ativamente da administração da casa” e que “era um malandro”. Elissandro ainda relatou que era “impossível ter mais de mil pessoas” na Kiss na noite da tragédia, como apontado por testemunhas.

Em determinado momento Elissandro garantiu que “pode ter sua parcela de culpa, mas não está sozinho”. Ele reforçou que o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, também deveria estar no banco dos réus, bem como os bombeiros e diferentes autoridades que permitiram a liberação dos alvarás da casa noturna mesmo sem condições técnicas para tal. Segundo ele, “se eu era o dono da boate e estou aqui, ele (Cezar Schirmer) é o dono da cidade e também deveria estar do meu lado”.

Diversas vezes Kiko ressaltou que “não é assassino” e que “não queria matar ninguém”. Em muitos momentos do depoimento o réu se mostrou impaciente e procurou desmentir todos os relatos prestados pelas testemunhas no decorrer do processo. Inclusive, pediu acareações com pelo menos três pessoas que supostamente faltaram com a verdade nas suas falas. Conforme ele, “os músicos da banda (Gurizada Fandangueira, que se apresentava na noite do incêndio e que também respondem no processo) foram orientados a mentir pelos advogados”.

Na próxima quinta-feira (03) depõe o último réu no caso da boate, o sócio de Elissandro na casa noturna, Mauro Hoffmann. Ele falará no fórum de Porto Alegre às 13h30, e encerra esta fase do processo. Na sequência, o juiz Ulysses Fonseca Louzada define se os réus vão a júri ou se a acusação será desqualificada para homicídio culposo (sem a intenção de matar). Neste caso a sentença pode ser dada pelo próprio magistrado. 

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Fonte: Especial para Terra
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