RS: para associação dos familiares, nº menor de acusados agiliza processo

O MP denunciou 8 por tragédia na Kiss, 4 deles por homicídios dolosos

2 abr 2013 - 23h59
(atualizado às 23h59)
<p>O Ministério Público do Rio Grande do Sul denunciou nesta terça-feira oito pessoas no caso do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS)</p>
O Ministério Público do Rio Grande do Sul denunciou nesta terça-feira oito pessoas no caso do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS)
Foto: Luiz Roese / Especial para Terra

Antes da apresentação da denúncia do Ministério Público sobre a tragédia na Boate Kiss, nesta terça-feira, os promotores criminais Maurício Trevisan, Joel Dutra e David Medina da Silva tiveram um encontro com o presidente da Associação das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia em Santa Maria, Adherbal Alves Ferreira, e com o advogado da entidade, Jonas Espig Stecca. Mesmo que a reunião tenha ocorrido na sede do MP de Santa Maria, pouco antes da entrevista coletiva sobre a apresentação dos resultados, os dois só ficaram sabendo do conteúdo da denúncia junto com a imprensa. Eles assistiram atentos à apresentação dos promotores, na primeira fila.

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O MP denunciou oito pessoas no caso do incêndio na Boate Kiss. Quatro foram denunciadas por homicídios dolosos duplamente qualificados e tentativas de homicídio, e outras quatro por fraude e falso testemunho. A Promotoria apontou como responsáveis diretos pelas mortes os dois sócios da casa noturna, Mauro Hoffmann e Elissandro Spohr, o Kiko, e dois dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão.

Em nome da associação, o escolhido para opinar a respeito da denúncia oferecida pelo Ministério Público foi o advogado. Na visão dele, apesar de ainda não ter analisado detalhadamente o conteúdo da denúncia, com um menor número de acusados, o processo pode andar mais rápido.

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"Parece que o Ministério Público conseguiu analisar com mais cuidado alguns detalhes e acabou tirando algumas pessoas da denúncia criminal. Parece que isso qualificou o trabalho. É preferível que tenhamos menos acusados nesse momento e consigamos ter um processo que ande mais ou menos de forma regular do que termos que uma infinidade de acusados que, ao final, a metade ou mais da metade venha a ser absolvida ou que ocorra a prescrição", disse o advogado.

O advogado e o presidente da associação também conversaram com o titular da 1ª Vara Criminal de Santa Maria, Ulysses Fonseca Louzada. Eles ofereceram ajuda ao magistrado e disseram que confiam na Justiça.    

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou 241 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

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Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas. 

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Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Fonte: Especial para Terra
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