Turistas desrespeitam bloqueios no litoral no primeiro fim de semana de megaferiado em SP

Tapumes que impediam acesso a praia foram destruídos; no interior, igreja católica foi multada por evento com aglomeração

28 mar 2021 - 20h01
(atualizado às 23h52)

GUARUJÁ E SOROCABA - Apesar dos bloqueios criados por algumas prefeituras do litoral de São Paulo e da proibição do uso das praias durante a fase emergencial do Plano São Paulo, o primeiro final de semana de megaferiado da capital paulista provocou aumento de turistas nas cidades litorâneas. Mesmo proibidos, os veranistas aproveitaram os dias de sol para praticar atividades físicas nas orlas da praia e até mesmo furar os bloqueios impostos pelas prefeituras da região na tentativa de conter o avanço da covid-19. Na cidade de São Paulo, o Comitê de Blitze dispersou 352 pontos de aglomeração.

Em São Sebastião, diversas barreiras colocadas nas entradas das praias do município foram destruídas por vândalos. As barreiras foram dispostas de tal maneira que foi deixado um único acesso em cada praia, fechando os demais com tapumes. A entrada era destinada apenas para quem quisesse fazer atividade física individual. As forças de segurança estão analisando as câmeras de vigilâncias dispostas em pontos estratégicos da cidade para identificar os infratores.

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Após registrar filas de veículos na barreira sanitária iniciada na sexta-feira e suspender a operação no sábado a pedido da Polícia Rodoviária, o município decidiu retomar a fiscalização neste domingo, 28, na Costa Sul do município.

O objetivo é impedir que pessoas contaminadas com a doença entrem na cidade e diminuir, assim, a transmissão do coronavírus. Na ação, os veículos com placas de outras cidades são abordados e todos os passageiros são orientados quanto à pandemia, respondem a um questionário para controle epidemiológico, têm a temperatura corporal aferida e fazem um teste rápido para detectar a Covid-19.

Turistas removeram barreira colocada pela prefeitura para impedir acesso a praia de São Sebastião
Turistas removeram barreira colocada pela prefeitura para impedir acesso a praia de São Sebastião
Foto: Divulgação/Prefeitura de São Sebastião / Estadão

Faz parte do bloqueio também a desinfecção dos pneus com uma solução à base de hipoclorito de sódio, produto químico que combate a estrutura molecular do coronavírus.

Moradores do litoral protestaram contra a chegada de turistas em um momento que os hospitais dos municípios estão saturados. No final da tarde de sexta-feira, 26, um homem fantasiado de "morte" cumprimentou os motoristas na Rodovia Rio-Santos. O homem estava vestido todo de preto e com uma cruz na mão. A ação ocorreu no limite entre as cidades de São Sebastião e Bertioga, no bairro Boracéia.

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Já em Ubatuba, cerca de 250 pessoas usaram pneus queimados na madrugada deste sábado, 27, para criar um bloqueio para evitar a passagem de veículos oriundos de outras regiões. Segundo a Polícia Rodoviária, a ação aconteceu no quilômetro 93 da rodovia Oswaldo Cruz, próximo ao bairro Marafunda.

O bloqueio durou cerca de duas horas e ninguém foi detido. Apesar da tentativa, os motoristas conseguiram desviar dos pneus queimados e seguir o trajeto.

No sábado, 27, em Santos, 225 pessoas foram abordadas e 36 multas foram aplicadas pela prefeitura. Um total de 174 motoristas foram parados na Barreira Sanitária na entrada de Santos, no bairro Saboó. Das outras abordagens registradas, 66 foram para pessoas que estavam circulando, irregularmente, no calçadão da orla da praia; uma para o dono de um cachorro, porque o animal estava na faixa de areia, e outras 30 foram sobre o uso adequado das máscaras de proteção.

Além das abordagens com caráter de orientação, a fiscalização resultou em 21 multas, de R$300, sobre circulação indevida de pedestres na orla, e outras 14, também de R$300, para pessoas que se recusaram a utilizar a máscara.

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No Guarujá, a prefeitura encerrou uma aglomeração com mais de 60 pessoas no final da tarde de sábado, 27, na Praia do Éden. As equipes da Guarda Civil Municipal descobriram o abuso graças a um trabalho de monitoramento realizado via redes sociais. Três caixas de som foram apreendidas pela fiscalização municipal e seis veículos multados por estacionamento irregular - a maioria dos carros tinham placas de São Paulo.

Quando chegaram ao local, os agentes de fiscalização municipal e da GCM se depararam com mais de 60 pessoas aglomeradas na faixa de areia sem a utilização de máscaras - a maioria jovens - e com aparelhos de som no volume máximo, o que é proibido em qualquer praia da Cidade com ou sem pandemia, além de muitos tomando banho de mar.

Além disso, também no Guarujá, cerca de 800 veículos tiveram que retornar às suas cidades de origem desde a última quarta-feira, 24, após serem abordados na barreira sanitária e não comprovarem necessidade de entrar no município.

Neste sábado, chamou atenção a tentativa de um grupo de cinco motociclistas que tentaram entrar na cidade, mas foram barrados no bloqueio montado pela prefeitura no final da Rodovia Cônego Domênico Rangoni e obrigados a retornar.

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Em Bertioga, desde o início do lockdown, na última terça-feira, 23, a prefeitura realizou 8.987 abordagens nos bloqueios de acesso ao Município. A ação tem como objetivo fiscalizar as medidas restritivas e ocasionou 639 retornos de veículos.

Dividido em três pontos estratégicos, o bloqueio acontece na Avenida Dezenove de Maio, Rua Waldemar Costa Filho, bairro Indaiá, e Avenida da Riviera. As demais entradas da Cidade foram fechadas com barreiras de concreto e faixas de sinalização. As pessoas que burlarem serão multadas, o controle é feito por meio das câmeras de monitoramento 24 horas.

A Baixada Santista segue em lockdown até o dia 4 de abril. As cidades do litoral norte (São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba) não fazem parte do lockdown, mas montaram barreiras sanitárias e medidas mais restritivas para tentar evitar a entrada de turistas no megaferiado em São Paulo.

No interior, igreja católica é multada por desrespeito a plano emergencial

No interior de São Paulo, uma igreja católica foi autuada neste domingo, 28, por descumprir as regras mais rígidas de controle à pandemia. Em várias cidades do interior foram realizadas operações contra festas clandestinas e eventos com aglomerações, além da fiscalização do comércio.

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Em Araraquara, após ser acionada por denúncia anônima, a Guarda Civil Municipal flagrou uma celebração religiosa com dezenas de pessoas na igreja de São Geraldo, no bairro do mesmo nome. A igreja celebrava o 'Domingo de Ramos', que faz parte das celebrações católicas durante a Semana Santa. Um decreto em vigor na cidade proíbe missas e cultos religiosos com a presença de público, à exceção de atividade interna para produção de vídeos, com no máximo cinco pessoas, além da metade dos funcionários da igreja.

A prefeitura informou que os agentes municipais fizeram um boletim de ocorrência e a igreja será multada. A multa prevista para esse tipo de aglomeração é de R$ 6.029. A reportagem procurou o pároco da igreja, mas foi informada de que ele só poderia ser encontrado nesta segunda-feira, 29.

A Diocese de São Carlos confirmou o acontecido e disse que o padre agiu por decisão própria. "A Diocese de São Carlos reafirma a sua opção preferencial pela vida neste tempo de pandemia, relembrando os fiéis e padres sobre o que há fora decretado: cada paróquia respeite e acolha as determinações sanitárias de cada município", disse, em nota.

Ainda em Araraquara, na noite de sábado, 27, a Polícia Militar interrompeu uma festa de aniversário com cerca de 30 pessoas no bairro Selmi Dei. Houve reação e o proprietário da casa, além de um convidado, foram levados ao plantão da Polícia Civil.

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Conforme o decreto municipal, reuniões familiares com mais de cinco pessoas são consideradas aglomerações e sujeitas à multa de R$ 6 mil. No horário da festa, a cidade estava em toque de recolher, com a circulação de pessoas proibida. O dono da casa e o convidado vão responder por desacato, infração de medida sanitária preventiva e desobediência.

Em Araçariguama, um grupo de turistas foi retirado da Praça do Avião, um dos locais turísticos da cidade, na manhã deste domingo. As pessoas alegaram que estavam usando máscaras, mas a equipe da Guarda Civil Municipal entendeu que havia aglomeração.

Um comboio de carros antigos que havia parado no local foi escoltado até a divisa de Pirapora do Bom Jesus. Após ser esvaziada, a praça foi interditada com faixas de segurança.

Na noite de sábado, em Campinas. a fiscalização da Vigilância Sanitária lacrou uma chácara no Jardim Novo Sol, após constatar que o local estava sendo preparado para uma rave, com caixas de som a estoque de bebidas alcoólicas. Cerca de 15 pessoas faziam os preparativos para o show quando a equipe chegou.

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A festa havia sido anunciada em redes sociais. O organizador foi multado em R$ 6 mil. Na cidade, que decretou toque de recolher, 33 estabelecimentos comerciais foram fechados no fim de semana e oito foram lacrados, ou seja, só podem reabrir quando houver mudança para fase menos restritiva.

Festas clandestinas foram fechadas também em outras cidades do interior. Em Botucatu, das 30 pessoas que estavam no evento, na madrugada deste domingo, 16 não usavam máscaras e foram multadas em R$ 600 cada uma.

O dono do imóvel alugado para a festa recebeu multa de R$ 6 mil. Em Capivari, no sábado à noite, uma festa clandestina, com bebidas alcoólicas, reunia 19 adolescentes com idade entre 15 e 7 anos, e uma criança de 11 anos. O organizador do evento, divulgado em redes sociais, é menor de idade e sua mãe foi chamada para prestar depoimento à Polícia Civil.

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