Após uma nova onda de destruição e violência durante um protesto contra a tarifa do transporte público em São Paulo, o cerco em torno dos manifestantes que têm cometido atos de vandalismo vai apertar. O aviso foi dado pelo secretário de Segurança Pública do Estado, Fernando Grella, em entrevista ao Bom Dia SP nesta quarta-feira. Na noite de ontem, um grupo tentou invadir a prefeitura, depredou prédios, incendiou um veículo de emissora de TV e saqueou lojas no centro. "Vamos empregar Choque (Tropa de Choque da Polícia Militar) e Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, também da PM) contra vândalos e criminosos", alertou, informando que ontem mesmo foi solicitanda à Polícia Civil a instauração de inquérito para, através das imagens, identificar as pessoas. "Pedimos urgência porque é indispensável que essas pessoas sejam identificadas", considerou.
Durante a confusão ontem, a polícia levou quase três horas para chegar na região da prefeitura e reprimir a violência. De acordo com o secretário, não houve demora na ação da PM. “A polícia atuou e procurou intervir no momento certo para não atingir pessoas que estavam ali para se manifestar pacificamente", garantiu, ressaltando que o que se viu foi uma atuação isolada de baderneiros. “Todos puderam ver que grande parte dos manifestantes tentaram impedir os atos de vandalismo", ressaltou, informando que 63 pessoas foram detidas e que o movimento procurou o comando da polícia. “Liderança pressupõe também responsabilidades. Esperamos que venham a público condenar a violência e o vandalismo", analisou o secretário. “Estaremos à disposição dos líderes para conversar”, completou.
Cenas de guerra nos protestos em SP
A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em cenários de guerra.
Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, prédios, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.
Veja a cronologia e mais detalhes sobre os protestos em SP
Mais de 250 pessoas foram presas durante as manifestações, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. A mobilização ganhou força a partir do dia 13 de junho, quando o protesto foi marcado pela repressão opressiva. Bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela Polícia Militar na rua da Consolação deram início a uma sequência de atos violentos por parte das forças de segurança, que se espalharam pelo centro.
O cenário foi de caos: manifestantes e pessoas pegas de surpresa pelo protesto correndo para todos os lados tentando se proteger; motoristas e passageiros de ônibus inalando gás de pimenta sem ter como fugir em meio ao trânsito; e vários jornalistas, que cobriam o protesto, detidos, ameaçados ou agredidos.
As agressões da polícia repercutiram negativamente na imprensa e também nas redes sociais. Vítimas e testemunhas da ação violenta divulgaram relatos, fotografias e vídeos na internet. A mobilização ultrapassou as fronteiras do País e ganhou as ruas de várias cidades do mundo. Dezenas de manifestações foram organizadas em outros países em apoio aos protestos em São Paulo e repúdio à ação violenta da Polícia Militar. Eventos foram marcados pelas redes sociais em quase 30 cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.
As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011. Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40.