vc repórter: após 6 anos, familiares de vítimas da TAM se reúnem em SP

13 jul 2013 - 18h50
(atualizado às 19h08)
Familiares das vítimas do voo JJ 3054 da TAM se reuniram neste sábado em São Paulo
Familiares das vítimas do voo JJ 3054 da TAM se reuniram neste sábado em São Paulo
Foto: Luiz Claudio Barbosa / Futura Press

Familiares das vítimas do acidente da TAM ocorrido em 2007 se reuniram na manhã deste sábado na praça Memorial 17 de Julho, localizada na avenida Washington Luiz, na zona sul de São Paulo. O grupo prestou homenagens no espaço que abrigava o prédio da TAM Express contra o qual a aeronave se chocou, há quase seis anos. O maior acidente da aviação brasileira deixou 199 mortos.

Cento e noventa e nove arranjos florais representando cada vítima foram colocados no local
Foto: Luiz Claudio Barbosa / vc repórter

No ato, os participantes fizeram orações e colocaram arranjos florais representando cada vítima. O Coral da Igreja Messiânica Mundial do Brasil, composto de 120 vozes, e a soprano Giovanna Maira participaram da celebração.

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Após a homenagem, o grupo se reuniu às 16h no salão da Paróquia Nossa Senhora de Gaudalupe, na rua República do Iraque, no bairro Campo Belo, onde foi realizada uma missa em memória das vítimas.

A praça Memorial 17 de Julho foi inaugurada em julho de 2012, cinco anos após o acidente. A área, de 8 mil m², foi projetada pelo arquiteto Marcos Cartum, que ouviu familiares e amigos das vítimas para criar o espaço.

O acidente

O voo JJ 3054 da TAM decolou do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, em direção a São Paulo no dia 17 de julho de 2007. O Airbus A320 pousou às 18h48 no aeroporto de Congonhas, na capital paulista, mas não desacelerou durante o percurso da pista, atravessou a avenida Washington Luís e se chocou contra um depósito de cargas da própria companhia. Em seguida, a aeronave pegou fogo. Todas as 187 pessoas do avião e mais 12 que estavam em solo morreram.

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Uma investigação do Setor Técnico Científico (Setec) da Polícia Federal apontou que uma falha dos pilotos é a hipótese "mais provável" para o acidente. De acordo com o Setec, uma das manetes que controla as turbinas da aeronave estava na posição para acelerar e isso anulou o sistema de freios. Não foi possível esclarecer se o comando estava na posição errada por falha humana ou mecânica.

Como fatores contribuintes para o acidente, o relatório final produzido pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) apontou que o monitoramento do voo não foi adequado, a Agência Nacional de Avião Civil (Anac) não havia normatizado regras que impedissem o uso de reversos (freios aerodinâmicos) travados e a Airbus não colocava avisos sonoros para mostrar aos pilotos quando as manetes estavam em posições diferentes (uma para acelerar e outra para frear o avião). Após a tragédia, a TAM instalou um dispositivo que avisa os pilotos sobre a posição incorreta do equipamento.

Em novembro de 2008, a Polícia Civil de São Paulo indiciou dez pessoas pelo acidente, entre elas o ex-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Milton Sérgio Silveira Zuanazzi e a ex-diretora da agência Denise Maria Ayres Abreu. Dias depois, no entanto, a Justiça suspendeu os indiciamentos alegando que "a medida policial ter sido lançada por meio de rede jornalística representa, aos averiguados, eventual violação de seu direito individual".

O inquérito sobre o acidente foi repassado para o Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo. Em 2011, o MPF ofereceu denúncia contra três pessoas por "atentado contra a segurança da aviação". São acusados: a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu; o ex-vice-presidente de operações da TAM Alberto Fajerman; e o ex-diretor de segurança de voo da companhia Marco Aurélio dos Santos de Miranda e Castro. Desde 5 de junho de 2011, o processo está na mesa do juiz Márcio Assad Guardia aguardado a decisão final do magistrado.

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Em janeiro de 2009, a Justiça Federal aceitou denúncia contra Denise Abreu por fraude processual. Ela é acusada de ter apresentado à desembargadora Cecilia Marcondes, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, um estudo interno como se fosse uma norma da Anac. Esse documento foi usado pela Anac no recurso que garantiria, em tese, a segurança nas operações em Congonhas com chuva, sendo que pousos e decolagens só precisariam ser proibidos caso a pista estivesse com uma lâmina d'água superior a 3 mm. Segundo depoimento da desembargadora Cecília Marcondes ao MPF, o documento foi fundamental para que a Justiça Federal liberasse a pista para pousos e decolagens de todos os equipamentos. Em junho de 2012, Denise Abreu impetrou habeas-corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo liminar para suspender a ação. No final do mês, o ministro Ricardo Lewandowski deu parecer favorável ao pedido.

O julgamento dos três réus está marcado para os dias 7 e 8 de agosto de 2013. Nesses dias, serão ouvidos, na 8ª Vara Criminal Federal em São Paulo, os advogados de defesa, os procuradores de acusação e testemunhas. Na data, o juiz deverá pronunciar a sentença.

Os internautas Archelau Xavier, de Barueri (SP), e Silvia Masseran, de São Paulo (SP), participaram do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

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