Vítima de desabamento, maranhense não quer mais voltar a trabalhar em SP

Pintor trabalhava com um tio e um primo na obra que desabou na zona leste da capital paulista

27 ago 2013 - 22h04
(atualizado às 22h19)
Pintor afirma que desistirá do trabalho em obras em São Paulo e que vai retornar para o Maranhão
Pintor afirma que desistirá do trabalho em obras em São Paulo e que vai retornar para o Maranhão
Foto: Daniel Fernandes / Terra

É com a sensação que recebeu uma segunda chance em sua vida que o pintor Gleison de Souza Feitosa, 24 anos, encara o fato de ter sobrevivido ao desabamento da obra em que trabalhava, em um prédio na avenida Mateo Bei, em São Mateus, zona leste de São Paulo. Até o momento, sete pessoas morreram por conta do incidente e 26 ficaram feridas. “Nasci de novo. As próprias pessoas que me atenderam falaram isso”, afirmou Gleison, um dos sobreviventes. 

Resgatado pelo Corpo de Bombeiros, o pintor, que há apenas 10 dias trabalhava no local, afirma que ficou sob uma laje que desabou da construção, com apenas um pequeno espaço. “Eu estava de capacete, acho que ajudou um pouco isso também. Tinha também um balde de ferro de mais ou menos uns 50 centímetros, que acho que ajudou a amortecer (a queda da estrutura)”, afirmou Gleison, que diz ter ficado cerca de duas horas sob os escombros. 

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Encaminhado ao Hospital Municipal do Tatuapé, o pintor voltou horas depois ao local onde quase perdeu sua vida, com dores no corpo e principalmente no braço, para aguardar o resgate de um primo, chamado apenas de Felipe, que também trabalhava na obra. Além do primo, um tio de Gleison - pai do operário que segue sob os escombros -, chamado de Rubens, também foi atingido pelo desabamento na obra. “Mas, graças a Deus, soube que com ele está tudo bem. Agora só falta o Felipe”, disse. 

Nascido no Maranhão, o pintor afirma que se desloca da cidade de Imperatriz para São Paulo para trabalhar em obras há cerca de três anos. Segundo seu relato, a maioria dos trabalhadores da obra é de seu Estado e outros são do Tocantins. Grande parte das vítimas do desabamento morava em um alojamento próximo à obra, de acordo com Gleison. 

De acordo com o relato do pintor, as obras haviam começado no local por volta das 7h, depois que os operários haviam tomado café. “A maioria estava dentro da obra (no momento da queda), mas tinha gente do lado de fora, gente espalhada no terreno. Lá é grande”, afirmou. 

Trabalho na obra

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Segundo o pintor, os trabalhadores na obra estavam, na maioria, a serviço da Salvatta Engenharia, contratada pelo Torra Torra, que mantinha um contrato de locação com o proprietário do imóvel que desabou. 

Em nota divulgada nesta terça-feira, o Magazine Torra Torra afirmou que a Salvatta foi contratada para realizar estudos sobre a estrutura do prédio. “O fim da obra, pelo proprietário, mais o laudo da Salvatta Engenharia, avalizando as seguras condições da estrutura, eram os pré-requisitos para que o Torra Torra assumisse a finalização do prédio com o acabamento interior, para abrigar a nova loja”, disse o magazine em nota. 

Segundo Geilson, um engenheiro esteve na obra e afirmou que a estrutura do prédio estava condenada e que mudanças estruturais não poderiam ser feitas. Questionado, ele não soube dizer para quem o profissional trabalhava.

“Falaram lá que a estrutura da obra estava condenada. Mesmo assim a gente estava trabalhando nela. Não sei por quê. (...) Disseram que a estrutura não estava legal.”

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De acordo com o pintor, alterações na estrutura do prédio ainda não haviam sido feitas por conta da orientação do engenheiro. "Mas a gente ia começar a fazer."

Volta para casa

Após a “segunda chance”, o maranhense afirmou que pretende desistir dos trabalhos em obras em São Paulo e voltar para sua terra, Imperatriz. “Chega”, desabafou. 

Antes e depois do local do desabamento:

Foto: Wesley Rodrigo/Futura Press

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Fonte: Terra
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